Inscrito na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2021, o Sítio Roberto Burle Marx (SRBM), situado na zona oeste do Rio de Janeiro, entregará em dezembro seu plano de gestão à instituição. O plano é amplo e está sendo elaborado junto com o comitê gestor do sítio, composto por representantes da sociedade civil, instituições públicas e entidades ligadas direta ou indiretamente ao bem.
A inscrição como Patrimônio Mundial da Unesco envolve as coleções artística e botânica do sítio, o conjunto arquitetônico e também os jardins feitos pelo paisagista Roberto Burle Marx. Dentro do plano gestor, está sendo elaborado o plano de conservação programada dos jardins da unidade. Especialistas estão reunidos no local para o workshop técnico Preservação dos jardins do SRBM. “Estamos debatendo o plano com especialistas das áreas de botânica, biologia, arquitetura, urbanismo, historiadores da arte e especialistas em restauração de jardim histórico", disse à Agência Brasil o coordenador do trabalho e da área de Pesquisa do sítio, Rafael Zamorano.
Segundo Zamorano, o plano leva em consideração que os jardins são tombados e têm que ter sua composição preservada, bem como os arranjos de plantas e objetos de arte ali expostos, de modo que, daqui a 20 ou 30 anos, "continue com a cara que ele tem hoje”. Como se trata de um jardim vivo, é preciso atentar para os aspectos compositivos, para que ele continue sendo o “jardim de Burle Marx”.
O plano de conservação dos jardins do local será discutido até esta sexta-feira (29), para que seja apresentado à Unesco em 2024 e publicado como documento de referência, além de ter formato online. A parte inicial do trabalho refere-se ao Jardim 1, que integra o conjunto da casa principal do sítio, que era residência do paisagista.
Gestão
De acordo com Zamorano, o plano de gestão incluirá vários aspectos, entre os quais, a gestão da coleção botânica e seu inventário, a relação com a comunidade de horticultores de Guaratiba e como o sítio pode ser um fator de desenvolvimento para a população local e que retorno o imóvel traz para a comunidade. Outra questão diz respeito às políticas educacionais e ambientais e à relação com as escolas. O trabalho em debate envolve também o que está sendo feito para conservar os jardins na sua integridade estética e sensorial e integra as ações previstas no plano de gestão.
Rafael Zamorano informou que o plano deve ser entregue à Unesco em março do ano que vem. Já o plano de conservação dos demais jardins (do Atelier e dos Lagos) tem lançamento previsto no segundo semestre de 2024.
A diretora do sítio, Claudia Storino, disse à Agência Brasil que a equipe técnica já desenvolveu uma metodologia que foi aplicada no jardim principal. A reunião atual, que apresenta o plano preliminar de conservação a especialistas convidados do Brasil e do exterior, visa a obter e incorporar sugestões, ajustar o trabalho da equipe do SRBM e, a partir daí, e definir o plano.
Segundo Claudia, se a metodologia for bem-sucedida, poderá ser aplicada depois em outros jardins históricos e em muitos outros lugares. "É uma metodologia de entender cada jardim, de registrar e de tentar um pouco prever quais são os riscos e as coisas futuras para as quais a gente precisa se preparar para que esse jardim seja preservado”.
Ela disse que o plano de conservação dos jardins do Sítio Burle Marx será publicado em 2024 com três volumes, sendo um para cada jardim do equipamento.