SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Usuários das linhas do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) estão recorrendo a estratégias variadas para driblar a greve de trabalhadores do sistema de transporte sobre trilhos de São Paulo, iniciada na madrugada desta terça-feira (3).
A paralisação, organizada em conjunto com servidores da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo), tem como objetivo protestar contra o plano de privatização das empresas pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), e afeta a dinâmica de toda a cidade. Por volta das 8h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrava 598 km de congestionamento na capital. Ontem, no mesmo horário, foram 439 km.
Com a confirmação da greve na noite de terça (2), a técnica administrativa Esther Silva Barbosa, 24, já sabia que sua ida ao trabalho ficaria prejudicada. Normalmente, ela embarca em Franco da Rocha, na região metropolitana da capital, e viaja pela CPTM até a Luz, onde troca de linha e vai até o Morumbi.
Barbosa decidiu então dormir na casa da tia, no centro de São Paulo, e pela manhã pegou um carro por aplicativo para chegar à Luz, onde embarcou na linha 4-amarela.
Os carros de aplicativo foram a alternativa de transporte escolhida por muitos paulistanos, que por causa do movimento atípico enfrentaram longa espera até conseguir embarcar.
"Já estou há quase uma hora esperando e nada. Pelo jeito vou atrasar umas três horas", disse a auxiliar administrativa Marlene dos Santos, 39, que trabalha em um hospital na região do Itaim Bibi, na zona oeste, e utiliza o trem como principal meio de transporte no dia a dia.
Ela aguardava do lado de fora da estação Corinthians-Itaquera, junto de uma colega com quem dividiria o percurso. "A corrida vai ficar R$ 80, mas pelo menos quem paga é a empresa", disse.
A atendente de restaurante Paloma Gonçalves, 26, optou por chamar um Uber após descer na estação Paulista. A previsão era que ela conseguiria chegar no horário. Isso porque Gonçalves e outros colegas saíram mais cedo de casa para estar no trabalho às 10h.
"Eu me planejei com antecedência e saí mais cedo, então a greve não afetou tanto a minha rotina", contou. Ela saiu antes das 8h de Taboão da Serra, pegou um ônibus e o metrô da linha 4-amarela.
A atendente teve de gastar mais de seis vezes o valor habitual da viagem. A corrida de Uber da rua da Consolação até o restaurante onde ela trabalha, na Vila Madalena, custaria cerca de R$ 27 para um trajeto de 3,5 quilômetros.
Outra opção adotada por parte dos passageiros foi ajustar a rota, incluindo ônibus, os trechos de linhas que operam parcialmente e as linhas sob concessão, que funcionam normalmente.
Para escapar da linha 2-verde, uma das paralisadas, a vendedora Letícia Pereira, 21, desembarcou do metrô na estação Santo Amaro e aguardava o trem para ir até Pinheiros.
"De lá, vou pela [linha] amarela até a estação Paulista, porque trabalho na Consolação", disse. O trajeto leva mais tempo, mas ela disse que tanto metrô quanto trem estavam mais vazios.
O assistente administrativo Gabriel Martins Garcia, 24, decidiu pegar um ônibus no último trecho de seu trajeto até o trabalho. Ele já estava 20 minutos atrasado, e calculava que chegaria cerca de uma hora depois do horário habitual.
Ele saiu de Guaianases, na zona leste da capital, a última parada em operação na linha 11-coral (o trecho até a estação Estudantes ficou fechado pela greve dos ferroviários). A linha operava com velocidade reduzida e ele teve de esperar 20 minutos na plataforma até o trem chegar --nos horários de pico, o intervalo costuma ser de quatro minutos.
Normalmente, Garcia usa a linha 1-azul para chegar ao trabalho, próximo à estação Vergueiro da linha 1-azul. Ele conta que enfrentou uma viagem tranquila na maior parte do trajeto até ali.
"Tem um pessoal que trabalha comigo que não vai conseguiu sair de casa hoje e não vai conseguir vir, porque só tinha a opção do ônibus e o trânsito está impossível", contou.
Os trabalhadores protestam contra os planos de privatizações nas três empresas anunciados pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em uma carta publicada em redes sociais, os sindicatos pedem o cancelamento de todos os processos de concessão no Metrô, na CPTM, na Sabesp e na Estrada de Ferro de Campos do Jordão.
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