SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma falha no sistema elétrico interrompeu a circulação de trens da linha 9-esmeralda entre as estações Morumbi e Villa Lobos, na tarde desta terça-feira (3). Inicialmente, o problema se estendia até a estação Osasco, na região metropolitana de São Paulo.
Apesar da greve de trabalhadores do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a linha estava em funcionamento porque é operada pela concessionária ViaMobilidade. Com o problema na rede elétrica, porém, ela se soma às linhas 7-rubi e 11-coral, que também operam parcialmente. As linhas 10-turquesa, 12-safira e 13-jade permanecem paralisadas.
As linhas 8-diamante e 9-esmeralda estão desde o ano passado sob concessão da ViaMobilidade e a sequência de falhas fez o Ministério Público de São Paulo instaurar uma ação civil pública e até dizer que pediria o retorno da administração das duas à CPTM.
A concessão do transporte público, que motivou a greve desta terça-feira, foi elogiada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao criticar a paralisação.
De acordo com a ViaMobilidade, ônibus da operação Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) foram acionados para atendimento do trecho nesta terça. Os veículos também auxiliam em outras regiões da cidade sem o fluxo de trens.
A circulação dos trens, segundo a concessionária, foi interrompida às 13h58.
Imagens de fumaça na linha 9-esmeralda começaram a circular nas redes sociais por volta das 14h15 e, por volta das 14h45, a empresa confirmou a pane em seu perfil no X (antigo Twitter).
A operação, segundo a ViaMobilidade, segue normal nos trechos entre as estações Mendes-Vila Natal e Morumbi, e Villa Lobos-Jaguaré e Osasco.
Em nota, o governo paulista afirmou que a CMPC (Comissão de Monitoramento de Concessões e Permissões) vai instaurar processo administrativo para apurar a falha no sistema de energia da linha 9-esmeralda
Conforme a gestão Tarcísio, da CMCP estiveram no local acompanhando as ações de reparo da concessionária.
A falha desta terça gerou uma sequência de críticas na rede social. Os usuários reclamam da frequência de imprevistos na linha e questionam se a proposta de privatização do transporte sobre trilhos melhoraria a prestação do serviço, como defende a gestão Tarcísio.
"Mas gente... ele [Tarcísio] falou que a privatizada funciona! Só esqueceu de mencionar que funciona apenas 30 min, que apresenta falha no sistema, a manutenção é péssima, tempo de espera é a cada 100 anos, coisas básicas que nem influenciam em nossas vidas", criticou uma usuária.
"Ainda querem privatizar todas", replicou outra internauta, seguida por várias postagens no mesmo sentido.
Em entrevista a jornalistas no Palácio dos Bandeirantes, o governador afirmou pela manhã que a greve dos servidores do Metrô, da CPTM e da Sabesp tem cunho político e é ilegal, e reiterou que as paralisações não vão impedir que a gestão continue estudando privatizações.
Ainda pela manhã, antes da falha desta tarde, Tarcísio afirmou que o governo agiu para resolver os problemas nas linhas privatizadas.
"Fizemos diversas reuniões e aplicamos mais de R$ 150 milhões em multas. As linhas chegaram em condições precárias para a iniciativa privada", disse o governador, que afirmou que a situação das duas linhas já está melhor e que, hoje, as linhas que mais apresentam falhas são as sob gestão pública.
Em nota, o governo afirmou no inicio da noite desta terça, que desde a concessão das linhas 8 e 9, no início do ano passado, foram instaurados 50 processos, que resultaram na aplicação de R$ 20 milhões em multas à ViaMobilidade. As punições foram por causa de problemas, acidentes e paralisações dos trens.
Também de acordo com o governo, foram aplicadas reduções de mais de R$ 36 milhões em repasses tarifários, relativos ao desempenho e da qualidade do serviço prestado pela concessionária.
O Sindicato dos Metroviários rebateu as declarações afirmando que a greve é trabalhista e em defesa do transporte público.
"As privatizações ameaçam o emprego, elas ameaçam direitos dos trabalhadores. Então, essa greve tem uma motivação trabalhista também. Mas não só. Ela tem uma motivação de defesa do transporte público. É uma greve de interesse social, porque estão em jogo as condições e a qualidade de um serviço essencial para a população, tanto em relação ao transporte público quanto em relação aos serviços de água e saneamento básico", disse Camila Lisboa, presidente do sindicato.
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