Hasan vive em São Paulo e foi a Gaza com as duas filhas e a esposa para visitar a família, a poucos dias antes do início do conflito.  

O palestino naturalizado brasileiro contou à Agência Brasil que não encontra água mineral ou gás de cozinha.  

“Água mineral comprada a a gente não tem, porque você não acha. Antigamente, 500 litros (de água potável) eram 10 shekels, hoje 500 litros são 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Fruta é muito difícil achar na feira. A única coisa que a gente acha bastante é o pepino, o resto você não acha fácil não”, relatou.  

A família de Hasan Rabee também está há três dias sem gás de cozinha. “Esses recursos não valem nada se você não está achando para comprar. Comida, estamos fazendo enlatados e conservados, lata de atum, de carne e mortadela enlatada. Mesmo assim, farinha de trigo e pão a gente não encontra”, disse.  

Hasan disse que estão bebendo água encanada, que só chega no térreo do prédio, sendo que a família fica no terceiro andar. “Você tem que descer com galão de 20 litros, enche e sobe depois e descarrega. É sofrimento pra caramba”, lamentou.  

Brasileiros em Rafah  

A brasileira Shahed al-Banna, de 18 anos, que está com outro grupo de 16 brasileiros na cidade de Rafah, informou que fizeram compras nessa quinta-feira. “Compramos farinha, óleo, azeite, tem verduras, queijos e shampoo”, afirmou a brasileira-palestina, em vídeo encaminhado nesta manhã.  

 

Segundo informou à Agência Brasil o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, “todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. Como não há energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados”.  

Entidades de ajuda humanitária que trabalham na Faixa de Gaza têm alertado que a quantidade de mantimentos que entram no enclave palestino não é suficiente para atender a população.  

Segundo o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), os cerca de 20 caminhões com ajuda humanitária que estão entrando em Gaza diariamente representam “cerca de 4% do volume médio diários de mercadorias que entravam em Gaza antes das hostilidades”.  

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