SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O presidente nacional da Enel, Nicola Cotugno, não descarta novos apagões em São Paulo se temporais na cidade e região metropolitana chegarem a 100 km/h, como aconteceu no dia 3 de novembro, quando 2,1 milhões de pessoas ficaram sem energia.
A afirmação foi uma resposta à deputada Monica Seixas (PSOL), membro da CPI da Enel, que hoje interroga Cotugno. A parlamentar perguntou se o temporal previsto para o próximo final de semana resultará em novo desabastecimento de energia.
"Seria desonesto falar que, com ventos de 100 km/h, vai dar tudo certo. Seria um desrespeito aos deputados, à inteligência de todos", disse Nicola Cotugno, presidente da Enel.
O que o executivo garantiu é que a Enel estará preparada para reduzir os efeitos do apagão. "O que estamos fazendo é estarmos muito mais preparados para mitigar os impactos", disse.
"Quando sabemos com antecedência, a gente se estrutura", continuou. "É um evento sazonal (...) A gente tem o Plano Verão, que é uma forma de enfrentar estruturalmente muita chuva."
A deputada insistiu que haverá muita chuva no sábado e também no domingo. "Como as equipes vão trabalhar sob chuva?", questionou. "Fez sol no dia seguinte ao temporal do dia 3."
"Para o próximo domingo, [estaremos] com força de trabalho em campo, que já está sendo definida. Estamos nos organizando e não faltaremos a dar uma resposta forte e rápida", disse Nicola Cotugno.
COTUGNO DEFENDE PRIVATIZAÇÃO
Entre 2019 e o terceiro trimestre de 2023, a Enel cortou 36% dos funcionários nos municípios paulistas atendidos pela companhia, segundo relatórios divulgados pela própria empresa ao mercado.
Parte desses trabalhadores foram substituídos por funcionários de empresas terceirizadas. Relatora da CPI, a deputada Carla Morando (PSDB) afirmou que os baixos salários dos terceirizados resulta em alta rotatividade de trabalhadores, que deixam essas companhias em busca de novos empregos.
"Não é um erro da Enel pegar terceirizados e diminuir os efetivos, com uma rotatividade tão grande?", questionou. Cotugno respondeu defendendo a terceirização.
"Seria desprestigiar milhares de trabalhadores", disse. "As empresas são sérias, garantem profissionalização elevada."
Ele afirmou que "dia a dia fiscalizamos nossas parceiras, avaliando a qualificação de cada empregado". "Fazemos capacitação adicional (...) por cada empregado operativo interno ou parceiros. Fizemos 54 horas de capacitação adicional", afirmou. "A qualificação de cada funcionário que trabalha pra gente é considerado com o máximo cuidado."
"A Enel não teria atingido 1.200 equipes nas ruas [após o apagão do dia 3] se não fosse esse grupo que eles deslocaram para atender nosso pedido muito pontual", disse Nicola Cotugno, presidente da Enel.
290 MIL SEM LUZ
O executivo foi questionado pelos deputados sobre as consequências do temporal de ontem. Ele disse que, no pico das chuvas, quase 300 mil ficaram sem luz.
"Foram 290 mil [sem luz] e agora estamos abaixo de 80 mil [sem energia]. A previsão é que a tarde de hoje esteja normalizada a situação", afirmou Nicola Cotugno.
Os bairros mais afetados na capital foram Vila Medeiros, Parque São Domingos, Santana, Barra Funda, Tucuruvi, Pirituba, Morumbi, Ipiranga e Jaguaré, informou a Enel.
Em nota, a Enel disse que suas equipes estão na rua trabalhando para religar a energia. "A distribuidora segue com reforço das equipes em campo para normalizar o serviço para todos os clientes impactados", afirmou em nota.
Quetionado, Cotugno evitou cravar uma data para a compensação pelos danos causados pelos temporais de ontem e do dia último dia 3.
"A gente está avaliando diferentes opções e acho que em poucos dias vamos sair com uma definição concreta. Eu acho que, durante a próxima semana, nos primeiros dias da próxima semana", disse Nicola Cotugno.
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