RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O enredo "Arroboboi, Dangbé", apresentado pela campeã Viradouro na Marquês de Sapucaí, falou sobre a energia do vodum serpente, desde batalhas na costa ocidental da África às sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé.

O carnavalesco Tarcísio Zanon levou para o sambódromo seis alegorias, dois tripés e o elemento alegórico da comissão de frente. Ao todo foram 23 alas.

O desfile foi organizado em cinco subtemáticas diferentes. O primeiro sobre o culto à serpente; o segundo, das guerreiras Mino; o terceiro, sobre Ludovina Pessoa e a herança do Vodum na Bahia; o quarto, o sincretismo religioso; e o quinto uma homenagem aos símbolos de Dangbé e às lideranças do candomblé

Veja como foi o desfile campeão, ala a ala:

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COMISSÃO DE FRENTE

A comissão de frente feita pelos coreógrafos Rodrigo Negri e Priscilla Motta personificava o destino de um povo ao rito de proteção das guerreiras de Dangbé. Um elemento cenográfico foi impactante: uma cobra gigante rastejava na Sapucaí.

1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Julinho Nascimento e Rute Alves estavam com a fantasia "Salve o Espírito Infinito da Serpente". O casal homenageava o espírito das serpentes, bailando a energia da Dangbé à ancestralidade dos povos da Costa da Mina.

GUARDIÕES DO 1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Os integrantes usavam a fantasia "Séquito Ofídico" e tinham a intenção de proteger o espírito da serpente, guardando os segredos e as magias dos voduns da família de Dan.

1ª ALA: A BATALHA DE ALADÁ CONTRA UIDÁ

Em 1660, durante o conflito entre Uidá e Aladá no atual Benin, a serpente de Aladá uniu-se ao exército de Uidá, conquistando os inimigos e torando-se um vodum venerado como símbolo da força e coesão pela população.

TRIPÉ: DANGBÉ: ENERGIA DA VITÓRIA

Com performance da modelo Duda Monteiro, a Viradouro representou a vitória de Uidá, o culto ancestral ao Vodum Serpente.

2ª ALA: PROCISSÃO E OFERENDAS AO DEUS-SERPENTE

Retratava as peregrinações, os sacrifícios e a adoração do povo de Uidá pelo Vodum Dangbé. A musa da escola Carolina Macharethe vestia a fantasia "Oferenda ao Rei de Uidá".

1º CARRO - ABRE-ALAS: A FORÇA DO VODUM DO INFINITO

Representava a grande cerimônia em honra à poderosa divindade ofídica: Vodum Dangbé.

2ª ALA (B): PROCISSÃO E OFERENDAS AO DEUS-SERPENTE

Personagem de chão tinha Tia Cléia com a fantasia Sagrada Vodúnsi, liderança que tinha a missão de recrutar novas mulheres ao culto da serpente.

3ª ALA: SACERDOTISA DA SERPENTE DIVINA

As baianas vivem as vodúnsis ao místico poder feminino. Em seguida, a musa Jamilly Marques usava a fantasia "Iniciação a Dangbé".

2º CARRO - PREDIÇÃO ORACULAR: CAMINHOS ABERTOS

Simbolizava o poder feminino à consulta Fá, oráculo do povo Jeje, que vê no tabuleiro de adivinhação as predições do futuro. Destaque: Emilton Paracambi e Paulo Rodrigues, que utilizavam as fantasias "O Grande Fatono" e "O Supremo Vodunon".

2º SETOR

4ª ALA: RITOS SERPENTÁRIOS: O PACTO DE LEALDADE

O pacto de lealdade realizado entre as guerreiras Mino, firmado em sangue e fogo, para que nunca traíssem umas às outras.

5ª ALA: A CAÇA AO HOMEM MARFIM: BRAVURA E MISTICISMO

No exército feminino daomeano, uma das formas de recrutamento das guerreiras Mino era a caça aos elefantes para a extração do marfim.

6ª ALA: O PODER TRANSCENDENTE DO MARFIM

Os oráculos eram esculpidos em marfim e utilizados para predizer o futuro e dar proteção às guerreiras Agojie (o outro nome dado às Mino). Taissi Hangbé representava a primeira guerreira Mino que assumiu o comando do exército de Daomé.

7ª ALA: AHOSI - AS MULHERES DO REI

Esse era o nome atribuído às guerreiras Mino, devido à sua importância histórica na proteção do Império de Daomé. O grupo performático representava as guerreiras em luta.

3º CARRO - AS GUERREIRAS MINO, PROTEÇÃO MÍTICA E LEALDADE

3º SETOR

8ª ALA: O MAR MEMORIAL DE LUDOVINA

O barco vodum atravessa o oceano na crença de sacerdotisas como Ludovina Pessoa, que traz práticas de magia ligadas ao Vodum ao Brasil.

9ª ALA: ASSENTAMENTOS

Na função de Ludovina Pessoa, a fantasia refere-se às casas de Candomblé Jeje na Bahia e aos assentamentos de culto aos voduns.

Personagem de chão: Valci Pelé, com a fantasia Pejigã. Kpejigan é o senhor que zela pelos altares sagrados. Missão dada aos homens que não entram em transe e são iniciados ao culto Vodum.

10ª ALA: ENERGIA DE GU RAINHA: MAGIA E MOVIMENTO

A entidade guia de Ludovina Pessoa, o vodum Gu, se manifesta nos passistas da Viradouro.

2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete usavam a fantasia "Liberdade Forjada em Luta". Guardiões do 2º casal de mestre-sala e porta-bandeira usavam a fantasia "Baú Metafórico". A lenda diz que o termo Bogun se referia a um baú onde se guardavam os donativos destinados a financiar a Revolta dos Malês. Em seguida, a rainha de bateria Erika Januza vestia a fantasia Takará. O Takará do vodum dan é um instrumento ritualístico pontiagudo utilizado pelos iniciados da família das cobras no processo de transe.

11ª ALA: A REVOLTA DOS MALÊS

O mestre de bateria da Viradouro é o metre Ciça, que estava fantasiado como líder da revolta dos Malês (1835), levante contra a escravidão que reuniu diferentes povos. Após a bateria, vinha com o carro de som.

Um grupo performático fazia referência à lenda de que Ludovina Pessoa se deslocava entre Daomé e Bahia como uma mulher pássaro para perpetuar a crença Vodum.

12ª ALA: ALTARES MÓVEIS

O culto místico que atravessou o Atlântico nos encantos voduns e se fixou no Brasil.

4º CARRO - LUDOVINA GU E A FORMAÇÃO DOS TERREIROS NA BAHIA

É uma grande oferenda ao Vodum Gu, que guiava a guerreira Ludovina nos terreiros da Bahia.

4º SETOR

Templos sincréticos, entre a cruz e a serpente. Esse setor representa a mistura dos cultos africanos às liturgias católicas, como forma de manutenção do sagrado do povo jeje. As alas nesse setor representavam o cruzamento das fés; devotos de São Bartolomeu, que tinha o sincretismo da cobra.

13ª ALA: ESCUDOS SINCRÉTICOS

A mistura dos cultos africanos às liturgias católicas.

14ª ALA: SENHORAS DA CURA E DA SORTE (FOLHAS E FIGAS)

O cruzamento das fés sincretizavam as míticas da serpente com os santos católicos.

15ª ala: Os Quitutes da Festa de São Bartolomeu

O tripé nesse setor fazia uma referência à santa ceia negra. As alas seguintes falavam sobre irmandades: Boa Morte, Bom Jesus dos Martírios e irmandade do samba.

16ª ALA: IRMANDADE DA BOA MORTE

Inspiradas nas lutas antiescravistas, a irmandade se projetou como associação de cultos católicos ligados às crenças de origens Jeje e Nagô.

17ª ALA: IRMANDADE DE BOM JESUS DOS MARTÍRIOS

Organizada por escravizados oriundos dos povos de Daomé, em meados do século 18. Inspirou movimentos abolicionistas.

18ª ALA: A IRMANDADE DO SAMBA

Os guardiões do samba.

5º CARRO - TEMPLOS SINCRÉTICOS

Representava os templos sincréticos e as matriarcas do Jeje conversavam seus valores, encantos e magias da crença Vodum.

5º SETOR

19ª ALA: CRUZANDO TAMBORES - O TOQUE SAGRADO DO ADAHUM

Toque em ritmo acelerado que provoca o transe, promovendo a incorporação de filhas e filhos de santo.

20ª ALA: SEM ÁGUA E SEM MATA O JEJE NÃO SOBREVIVE

Remete à frase que dá nome à ala, dita por Doné Runhó, uma das matriarcas do terreiro do Bogum, em Salvador.

21ª ALA: DIVINDADES VODUNS

Representava as divindades voduns, da noite, lua e estrelas. A ala seguinte tinha as serpentes das famílias de Dan, que possuem relação com o ciclo das águas. Em seguida, o poder do trovão e do arco-íris.

22ª ALA: O CAIR DA CHUVA

As serpentes da família de Dan, que possuem relações com os ciclos da água para manter o equilíbrio do ecossistema.

23ª ALA: O PODER MÍSTICO DO TROVÃO

Dan se manifesta por junção das cores e mantém a eterna aliança pelo equilíbrio da Terra, o Terreiro Cósmico.

6º CARRO: SAGRADO TERREIRO CÓSMICO

Homenageava a saga Dangbé e o seu legado ancestral, em sua forma Bessem, no culto Voduns e do Candomblé. Havia nele, como convidados, lideranças religiosas Jeje da Bahia e do Rio de Janeiro.


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