RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O terceiro suspeito de envolvimento na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, assassinado a tiros no centro do Rio de Janeiro, se entregou no final da tarde desta terça (5), na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.
Eduardo Sobreira Moraes é acusado de fazer a vigilância da vítima por pelo menos quatro dias e estava foragido desde o final da semana, quando seu prisão temporária fora decretada. Até a publicação, ele ainda não havia prestado depoimento e, conforme o sistema do Tribunal de Justiça, não apresentou advogado.
Crespo foi morto com 18 tiros, que provocaram 21 perfurações, no dia 26 de fevereiro, em frente à sede local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Também nesta terça foram presos outros dois suspeitos de envolvimento no caso: o policial militar Leandro Machado da Silva, que também se entregou à polícia; e Cezar Daniel Mondêgo de Souza, ex-funcionário da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
A defesa do PM nega participação no crime. "A prisão do Leandro hoje não tem a ver com o processo. O Leandro é um cara que sublocava os carros. Essa sublocação que fez com que ele viesse parar aqui, justamente porque, aparentemente, alguém que cometeu esse crime cruel utilizou-se de um desses veículos. Mas o Leandro, em si, não tem relação com o processo, com a morte do colega advogado", disse Diogo Macruz, que representa o policial.
Souza teria feito o monitoramento da vítima, segundo a polícia, ao lado de Eduardo Moraes. Seu advogado, Manoel de Jesus Soares, também negou o apontamento da polícia.
"O Eduardo é um conhecido dele. Ele não nega que o conhece. A relação deles é de caserna. Ele diz que conhece o Eduardo e utilizou, de fato, uma viatura de aplicativo que era conduzida pelo Eduardo, da propriedade dele, sem maiores detalhes", afirmou, acrescentando que o cliente andou com o colega no entorno da Lagoa, pois estavam procurando um local para uma "comemoração envolvendo colegas de farda", disse.
Souza trabalhava como assistente no Departamento de Patrimônio da Alerj, com salário de R$ 2.029,37, tendo sido exonerado três dias após o crime. Antes de ser preso, ele foi chamado duas vezes para depor. Na primeira, negou participação no crime. Na segunda, ao ser confrontado com imagens, não quis fazer declarações. Ele disse não saber para qual deputado trabalhava com cargo comissionado.
Em nota, a Alerj disse que "Cézar Daniel Mondêgo estava nomeado desde 2019, na gestão anterior da Casa. Deixou o cargo em março deste ano para que o Eduardo [Moraes] entrasse em seu lugar, mas [a troca] não chegou a ser concluída, já que a portaria foi tornada sem efeito". Pelo portal de transparência da Alerj não é possível saber a qual deputado cada funcionário está vinculado.
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou nesta segunda, os investigadores apuram se a morte do advogado está ligada a envolvimento com apostas online. Em depoimento, a namorada da vítima afirmou que ele queria abrir negócios no ramo de apostas e procurava por um "operador". Ela ainda disse que Crespo estava começando a advogar para clientes vinculados com jogos de cassino online.
A suspeita da motivação é reforçada pelo fato de o PM suspeito de envolvimento no crime alugar carros em uma concessionária da zona oeste para Vinícius Drumond. O gerente da locadora afirmou em depoimento que o Gol branco usado no crime foi locado pelo PM em nome de Vinícius Drumond.
Procurado, o advogado Carlos Lube, que representa Drumond, afirmou que seu cliente "nunca, jamais, em tempo algum manteve vínculo, seja profissional ou pessoal, e sequer conhece o policial militar Leandro Machado da Silva, razão pela qual é falsa a alegação de que essa pessoa seria seu chefe de segurança".
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