SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma onda de calor vai atingir grande parte do país nesta semana, com a previsão de a cidade de São Paulo ter o dia mais quente em um mês de março desde que o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) começou a fazer a medição, em 1943. Mas o que provoca essas ondas de calor?

Segundo o Inmet, a explicação é que uma área de alta pressão em níveis médios da atmosfera (aproximadamente 5.000 metros de altura) favorece a formação de uma massa de ar quente, como a que predomina em grande parte das regiões Sul e Centro-Oeste e interior de São Paulo.

"Este sistema age como uma 'tampa' na atmosfera, inibindo a formação de nuvens e comprimindo o ar de forma a deixá-lo mais quente e seco nas camadas mais baixas, resultando na atuação da onda de calor", informa o instituto.

A meteorologista Dayse Moraes, do Inmet, explica que essa área de alta pressão é o inverso da área de baixa pressão. Enquanto a baixa gera movimentos do ar de baixo para cima, favorecendo a formação de nuvens e de chuva, a alta faz o movimento contrário. O ar seco da alta atmosfera é jogado para baixo, afastando a nebulosidade e deixando o tempo aberto.

"Esse sistema também cria um bloqueio atmosférico. Acaba não deixando os sistemas frontais que atuam mais no sul, entre a Argentina e o Uruguai, avançarem para o Rio Grande do Sul. Por isso, acaba secando muito a atmosfera, incidindo muito a radiação solar e, por não ter nuvem e não chover por vários dias, acaba elevando as temperaturas", diz Moraes.

Pelas normas do instituto, para ser uma onda de calor, a temperatura precisa ficar 5°C acima da média de três a cinco dias e em uma grande área. O alerta do Inmet vigente é o laranja. Como a previsão é que o calor permaneça até o dia 20, é provável que o instituto o atualize para vermelho nos próximos dias.

No entanto, a meteorologista diz que essa onda de calor não deve ser tão longa quanto as vistas no fim do ano passado.

"Em setembro e outubro, com o clima de inverno, os sistemas de alta pressão atuam mais e chove menos. Agora é verão e o normal da estação é aumentar as temperaturas e chover isolado, o que ainda está sendo influenciado pelo El Niño", afirma Moraes.

Ela conta que no ano passado também ocorreu uma onda de calor em março. De abril a julho, porém, não teve e só em agosto começou a ter a sequência de ondas que seguiu até novembro.

"Como o El Niño ainda seguirá pelo menos até abril, pode ter sim nova onda de calor até lá, com temperaturas elevadas", alerta Moraes.

Nesta terça-feira (12), no início da atual onda, o Inmet divulgou as temperaturas máximas registradas no país, às 15h. E elas ainda estão divididas entre Mato Grosso do Sul, um dos estados mais afetados por essas ondas, e o Nordeste.

O município de Pão de Açúcar, em Alagoas, foi o que teve a maior temperatura, de 39,6°C. Corumbá (MS) veio logo atrás com 38,8°C, seguido por Jardim (MS), com 38,1°C, Ribeiro do Amparo (BA), com 38°C, Palmeira dos Índios (AL), com 37,9°C, e Piranhas (AL), com 37,8°C.

Nesta quarta (13), a previsão é que a temperatura chegue aos 32°C na capital paulista. No interior, Presidente Prudente deve ter termômetros a 35°C, enquanto Araçatuba e São José do Rio Preto terão a 34°C. Sem chuva.


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