SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) adotou cautela ao comentar as denúncias de suposto recebimento de propinas por ex-integrantes do alto escalão da Polícia Militar que atualmente são subprefeitos em dois importantes distritos da cidade de São Paulo.
O ex-tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, apontado como chefe de um esquema de corrupção que pode ter desviado milhões da PM entre 2005 e 2012, afirmou à Folha de S.Paulo que os coronéis Alvaro Camilo, subprefeito da Sé, e Marcus Vinicius Valério, subprefeito da Mooca, receberam aproximadamente R$ 150 mil e R$ 120 mil, respectivamente, em propinas.
Nunes disse nesta segunda-feira (18) que leu a entrevista do ex-militar e que avalia com cuidado o caso, mas não tomará providências neste momento.
"O cuidado que eu vou ter, bastante, é porque a pessoa que fez essas falas é um condenado", disse Nunes.
"Então, eu tenho dois coronéis aposentados com um histórico de vida íntegra e a fala de um condenado. Evidentemente pode ter alguma verdade, mas vou levar em consideração que tem um condenado falando e duas pessoas que estão fazendo um trabalho importante na cidade", prosseguiu o prefeito.
"Não vejo nenhum motivo, por isso estou te falando aqui, de não tomar nenhuma atitude neste momento", completou Nunes.
Adriano Filho afirmou em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo que em todas as unidades gestoras da corporação há esquema de desvio de verbas públicas, por meio de caixa 2, semelhantes ao montado por ele.
Adriano conversou com a reportagem na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior do estado, onde cumpre pena de 52 anos de reclusão por peculato, referente a dois processos, sob a acusação de ter fraudado licitações destinadas ao comando geral da corporação. Ele está preso desde 2017.
Segundo a acusação, empresas criadas pelo ex-coronel ganhavam licitações da PM organizadas por ele mesmo. O serviço não era prestado, e todo dinheiro era desviado.
Em nota, a PM de SP diz que "os crimes até o momento comprovados são de extrema gravidade, motivo pelo qual as investigações em curso são prioridades absolutas do comando", aponta trecho da nota.
Ainda conforme a PM, uma sindicância detectou indícios de irregularidades na gestão do ex-tenente-coronel. Posteriormente, um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado e auditou mais de 5.000 processos, o que levou à abertura de 244 novos IPMs.
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