BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, falou sobre a demora na confirmação de óbitos por dengue durante a atualização do cenário epidemiológico da dengue no país nesta quarta-feira (20).
Maciel explicou que a diferença de informações se dá pelo tempo de atualização das investigações dos casos suspeitos, tendo em vista que alguns óbitos, inicialmente taxados como decorrentes da dengue, são posteriormente desconsiderados após análises laboratoriais.
"Toda pessoa que morre cujo atestado indica dengue, chikungunya, ou oropouche, há uma investigação desses casos para analisar se os dados laboratoriais são consistentes. Muitas vezes, as pessoas têm sintomas que são compatíveis com a doença, mas não têm nenhum exame laboratorial", diz. "Alguns desses exames são feitos depois que a pessoa morre, então há esse tempo para que essa investigação seja fechada".
Na reunião, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que o ministério está trabalhando para utilizar as vacinas que não foram usadas até o momento para redistribuir a estados e municípios em situação de emergência.
"Vamos fazer a redistribuição das doses não aplicadas no município usando ranqueamento dos municípios que estão em situação de emergência por dengue", disse.
A decisão é pela ampliação de municípios, não de faixa etária. O critério é que municípios em estados com maior número de casos recebem as doses, informa a secretária Ethel Maciel.
Diante da baixa adesão à vacinação iniciada em 9 de fevereiro, um novo ranking foi estabelecido pelo DPNI -com ampliação de estados e municípios.
Estão sendo levados em conta os dados epidemiológicos atualizados e os estoques de vacina em cada unidade.
A ministra disse ainda que a epidemia atual se diferenciou dos anos anteriores por ter tido início em estados das regiões sudeste e centro-oeste, e apresentou um padrão de crescimento muito acelerado no início do ano.
Foi publicada nesta quarta a Portaria 3.385 sobre financiamento federal excepcional para assistência farmacêutica. O Ministério já liberou 79 bilhões por meio de portarias para os estados do Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, além de 244 municípios.
A destinação dos recursos da pasta se dá a pedido de municípios em situação de emergência. Para a ministra, a prioridade é impedir casos graves. "Salvar vidas, evitar mortes" é o mote do momento, disse.
A ministra destacou a importância da ciência e do SUS (Sistema Único de Saúde) no combate à dengue neste momento. "A ciência voltou às ações do Ministério da Saúde".
Segundo informações da pasta, as vacinas vão migrar dentro do mesmo estado. Até o fim da tarde, a lista de estados e municípios a receberem as doses redistribuídas deve ser divulgada.
O anúncio foi feito durante a atualização do cenário epidemiológico da dengue no país. No encontro, também estavam presentes Rivaldo Venâncio, pesquisador Fundação Oswaldo Cruz e Márcio Garcia, diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP) e responsável pelo comando do COE Dengue e outras Arboviroses.
CENÁRIO DA DOENÇA
Segundo os indicadores, o país tem hoje 16.494 casos de dengue graves e de alerta. 2023 foi o ano com maior número de óbitos, mas 2024 já superou número de casos graves de todo o ano passado.
As comorbidades mais frequentes nos óbitos confirmados até o momento são de doenças hematológicas em menores de 14 anos, hipertensão e diabetes na faixa etária de 15 a 60 anos e de hipertensão para maiores de 60.
O monitoramento destas variações de sintomas serve para identificar níveis de gravidade e sinais de atenção nos postos de saúde.
Nessa semana as entidades de saúde reuniram-se com a Bahia, Rio Grande do Sul e municípios de São Paulo e Goiás.
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