SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Numa cadeira de rodas e gritando com dor de cabeça, Amandia Macedo estava há quase quatro horas esperando uma resposta. Ela era uma das dezenas de pacientes com um ou mais sintomas de dengue que aguardavam atendimento na UPA Jaraguá, na zona norte de São Paulo, na noite da quarta-feira (20).

O caso dela não era isolado, no mesmo lugar estava Yara Sousa, que há dois dias começou a apresentar sintomas como vômito e dores na barriga. Segundo ela, ao procurar por ajuda na UPA, foi informada que poderia ser atendida por telemedicina. No entanto, não conseguiu o atendimento.

"Me disseram que eu teria atendimento por telemedicina, mas quando pedi, não disponibilizaram. Minha filha apresentou sintomas iguais aos meus, mas só conseguiu passar com médico na rede particular", diz.

Outra moradora do bairro, Adriana Rocha já havia procurado assistência na unidade na terça-feira (19). Ela tinha dores no corpo e de cabeça. "Me pediram o exame ontem, hoje vim buscar o resultado e estou há duas horas aqui esperando."

Rocha disse que tentou atendimento mais cedo na mesma unidade mas, devido à superlotação, preferiu voltar no período da noite.

Com o rosto formigando e febre de 39°C, Nickolas Cavalcante também estava na UPA pelo segundo dia consecutivo. "Ontem fiquei mais de cinco horas aqui e só me receitaram soro, nem mediram minha temperatura", comentou. Após se sentir mal novamente, decidiu voltar para tentar fazer um teste para dengue.

Ao serem questionados sobre como estão lidando com o aumento de casos de dengue e maior demanda por atendimento, a unidade não respondeu e pediu para que a reportagem se retirasse do local e não divulgasse informações com os relatos dos pacientes.

Não muito longe dali, a cerca de 7 km, a UPA Perus, também na zona norte, também registrava alta em pacientes sintomáticos para dengue, como é o caso de Lúcio da Silva, que estava havia duas horas na unidade e aguardava para ser chamado para a sala de medicação. "Estou desde ontem sentindo dor de cabeça, no corpo, nos olhos e muita fadiga", diz.

Atendentes da unidade chegaram a comentar que a busca por atendimentos no local está mais alta que o normal, indicando, inclusive, que pacientes procurem o lugar entre as três horas da madrugada e seis da manhã. "Depois disso começa a encher novamente", comentou uma recepcionista.

Na UPA de Pirituba, também na zona norte de São Paulo, a recomendação era a mesma. Na noite de quarta-feira, o local tinha uma fila de espera por atendimento de 40 pessoas, a maioria com sintomas gripais e de dengue.

Dor no corpo, coriza e dor de cabeça foram alguns sinais sentidos por Amanda Pires, que aguardava atendimento havia uma hora. No dia anterior ela diz ter procurado assistência na AMA Lapa, no entanto, continuava com dores. A paciente relatou que chegou a realizar um exame da dengue, mas o resultado foi negativo. "O médico disse que negativou porque eu só tinha dois dias de sintomas."

Apesar da tenda instalada na entrada da unidade, atendentes da UPA Pirituba disseram que ela ainda não estava funcionando e a expectativa era que isso ocorresse a partir do dia seguinte, nesta quinta-feira (21).

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo para saber quais medidas estão sendo tomadas para melhorar o atendimento aos pacientes e sobre o funcionamento da tenda, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

A região norte da cidade de São Paulo é a segunda com mais casos de dengue em todo o município. Neste ano foram registrados 13.456 confirmações da doença, ficando atrás apenas da zona leste, com 14.019 casos, segundo dados provisórios do boletim de arboviroses com números até 9 de março.

Até o momento, a cidade de São Paulo contabiliza 69.834 casos confirmados e 11 óbitos por dengue desde o início deste ano, segundo o painel de monitoramento de arboviroses do estado de São Paulo.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!