RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A roda-gigante inaugurada no início de novembro na orla de Pajuçara, em Maceió, virou alvo de polêmica após visitantes perceberem que o equipamento não possui cabine de número 13 -número usado pelo PT (Partido dos Trabalhadores) nas urnas. No lugar, aparece a indicação "12B".

A escolha viralizou nas redes sociais e ganhou o apoio de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na capital alagoana. Entre eles está o vereador Leonardo Dias (PL), que publicou um vídeo comemorando o gesto como uma provocação ao PT.

"Na capital mais bolsonarista do Nordeste, é claro que não existe o número 13 nela. Parabéns a quem teve essa ideia", afirmou.

Com 45 metros de altura e 20 cabines, a roda-gigante é operada pela Interparques Holding, que atua também em São Paulo, Canelas (RS) e Balneário Camboriú (SC).

Em nota, a empresa afirmou que a decisão não tem motivação política e segue uma "prática comum em outras estruturas ao redor do mundo", citando a London Eye e prédios e aeronaves que evitam o número 13 por superstição.

A ausência do número, segundo a companhia, busca "oferecer maior conforto e tranquilidade aos visitantes" e evitar recusas de embarque que "podem prejudicar o fluxo operacional".

De acordo com a companhia e a gestão municipal, o investimento é totalmente privado. A expectativa é de que o equipamento receba até 1.300 visitantes por dia e movimente cerca de R$ 2 milhões por mês na economia local.

A atração foi instalada em área pública da orla, mediante autorização municipal. Procurada, a Prefeitura de Maceió afirmou que a roda-gigante não pertence ao município e que a administração não é responsável pela numeração das cabines.

A controvérsia ocorre em um dos principais redutos bolsonaristas do Nordeste. O presidente Lula (PT) venceu na maior parte da região nas eleições presidenciais, mas Maceió foi a única capital da região onde Bolsonaro venceu nos dois turnos de 2018 e de 2022.

O prefeito do município, João Henrique Caldas, o JHC (PL), construiu sua carreira política com apoio de diferentes grupos, mas se aproximou do bolsonarismo nas últimas eleições. Apesar disso, manteve diálogo com o governo federal em temas administrativos, o que gerou críticas dentro da própria base conservadora.

Filiado ao PL desde a disputa presidencial de 2022, JHC hoje preside o partido em Alagoas e é citado como potencial candidato ao governo do estado em 2026. Ele é apontado como a maior liderança do partido de Bolsonaro em Alagoas.