SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Durante a preparação para o vestibular, estudantes se deparam com uma realidade difícil: precisam estudar matérias que odeiam. Seja matemática, química ou gramática, algumas disciplinas causam tanta aversão que só abrir o livro se torna um desafio. Mas por que isso acontece?
A aversão a algumas matérias não é algo que existe desde sempre no estudante, mas sim uma reação construída ao longo do tempo. A coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera Patrícia Dutra explica que a resistência ao estudo de uma disciplina está ligada geralmente a experiências frustrantes e a uma série de bloqueios emocionais.
Além disso, a pressão, seja externa (de pais ou professores) ou interna, pode agravar ainda mais esse bloqueio. "Não é que o estudante não tem condições de aprender aquela disciplina. A própria pessoa está se pressionando a isso. Isso faz com que se crie um bloqueio e, com isso, ela não consiga ultrapassar essa barreira", afirma Dutra.
Por isso, identificar e romper os pontos de dificuldade da matéria ajuda o estudante a superar esse ódio. "Por esse motivo, pressionar ou forçar o estudante a aprender algo sempre vai ter prejuízos e pode, inclusive, causar o bloqueio. Com isso, ele não vai conseguir dar conta desses conteúdos", explica Dutra.
Embora muitas vezes confundidos, os sentimentos de não gostar e de ódio por uma disciplina representam níveis distintos de rejeição. De acordo com a coordenadora do curso de psicologia, o não gostar de uma matéria geralmente está relacionado a falta de afinidade, enquanto o ódio aponta para uma reação mais intensa e preocupante.
"Quando falamos de odiar, de ter aversão à disciplina, isso significa que já está caminhando para algo patológico. E que esse bloqueio pode vir e a pessoa desenvolver total aversão e dificuldade de compreender os conteúdos que estão ligados a matéria."
Apesar das dificuldades, especialistas ouvidos pela Folha afirmam que é possível transformar a aversão. Com estratégias adequadas, o estudante pode reconstruir a relação com a disciplina.
*Entender o problema*
Patrícia Dutra, da Anhanguera, aconselha que os estudantes reflitam sobre as experiências passadas que contribuíram para essa aversão. E, a partir disso, identificar as origens dessa questão.
Outro ponto importante é lembrar os objetivos. 'Por que eu estou estudando essa disciplina? Por que eu tenho que fazer isso?' Então, se o objetivo for, por exemplo, passar no vestibular, [é importante] já se ver passando no processo seletivo e trazer esse sonho para realidade. Sempre buscar aliviar essas sensações de que não é capaz.", afirma Dutra.
*Comece pelas matérias difíceis*
O professor de geografia da Plataforma AZ Rodrigo Magalhães sugere uma estratégia simples para superar as matérias complicadas: começar pelo mais difícil.
Por exemplo, no período de estudo colocar a matéria que você não odeia primeiro e depois a de que você gosta. De acordo com Magalhães, essa estratégia ajuda a combater a tendência de adiar o que o é mais desafiador e ainda evita a procrastinação.
Intercale as matérias difíceis com as favoritas
Magalhães recomenda que o aluno evite dedicar o dia inteiro apenas às matérias que causam aversão. De acordo com o professor, essa técnica ajuda a manter o equilíbrio emocional , tornando o estudo mais agradável.
*Estabeleça metas menores e alcançáveis*
O estudo de uma disciplina odiada pode parecer um eterno beco sem saída para o estudante, mas isso pode ser amenizado ao dividir o conteúdo em metas menores.
Por exemplo, realizar dez exercícios de uma matéria, depois fazer uma pausa e após retornar com mais cinco questões. Magalhães explica que, ao definir essas metas curtas, o aluno consegue cumprir o objetivo sem se frustrar e sem ter a sensação de fracasso.
"Por um lado, o estudante vai conquistar a confiança de que está conseguindo fazer a meta proposta. E também ter uma sensação de vitória, de que o dever foi cumprido", afirma Magalhães.
*Busque apoio quando necessário*
Se o bloqueio emocional em relação à matéria se tornar insustentável, é importante buscar ajuda. Patrícia Dutra, coordenadora da Anhanguera, sugere que, quando a versão se transforma em um bloqueio, o estudante deve buscar apoio psicopedagógico ou psicoterapêutico.