SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os quadros da obra "Jazz", do artista francês Henri Matisse, roubados por criminosos armados neste domingo (7), eram o grande destaque de uma exposição que comemorava o centenário da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no centro de São Paulo.

A série foi concebida por Matisse durante a Segunda Guerra Mundial, na sua velhice e durante a recuperação de uma cirurgia para tratar um câncer. Como o artista não podia mexer com tinta devido ao tratamento pós-operatório, ele fez as imagens com recortes de papel colorido e colagem. Fez esse trabalho a convite de um editor grego.

É uma obra considerada fundamental para a arte moderna mundial. As imagens originais fazem parte de um livro de tamanho A3 (29,7 por 42 cm) encadernadas, que foram emolduradas para exposição. Há 250 exemplares da série no mundo, e apenas dois no Brasil.

"Jazz" também foi um marco no processo de institucionalização da arte moderna em São Paulo. A aquisição da obra foi um pontapé inicial para o processo que levou à criação do MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo). A exposição, inclusive, fazia um resgate da ligação histórica entre as duas instituições

As imagens fazem parte do acervo da Prefeitura de São Paulo criado por Sergio Miliet, que foi trabalhar no MAM e foi o organizador da segunda, terceira e quarta bienal de São Paulo -que, na época, era feita pelo MAM.

A obra, raríssima, integrou um projeto de criação de coleções públicas e abertas no momento em que a cidade não tinha museu de arte moderna. Além do exemplar que teve imagens roubadas neste domingo, o único outro exemplar de "Jazz" no Brasil pertence à fundação Castro Maya, no Rio de Janeiro.

Além de oito quadros da série de Matisse, os ladrões também levaram cinco gravuras do pintor brasileiro Cândido Portinari, que integravam a obra "Menino de Engenho".

COMO FOI O ROUBO

Dois homens armados invadiram a biblioteca, que fica no bairro Consolação, na região central de São Paulo, por volta das 10h15 deste domingo (7). Armado, um dos criminosos anunciou o roubo ao mostrar a arma debaixo da blusa para uma das seguranças da biblioteca, que não portava arma.

Ela foi levada para uma sala onde foi obrigada a entregar o rádio de comunicação e o celular. Enquanto isso, o outro suspeito retirou os oito quadros da parede. Não houve vítimas nem relatos de tiros disparados.

Os suspeitos fugiram em direção ao metrô Anhangabaú, segundo a corporação. Um dos ladrões estava trajado com calça jeans surrada e camisa vermelha. O outro vestia calça jeans, blusa de moletom azul e boné azul.

No momento do roubo, a biblioteca estava aberta ao público. Este domingo era o último dia da mostra que reúne livros raros e obras das décadas de 1940 e 1950 e fotografias que retratam a produção moderna no país.