SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Unesp (Universidade Estadual Paulista) aplicou neste domingo (7) o primeiro dia da segunda fase do vestibular 2026. A etapa, realizada em 35 cidades, teve 24 questões discursivas das áreas de ciências humanas e sociais aplicadas, ciências da natureza e matemática. O exame seguirá nesta segunda-feira (8), com 12 questões de linguagens e a redação.

Nas redes sociais, candidatos relataram frustração e comentaram a dificuldade da prova. Para muitos, o nível das questões surpreendeu.

Apesar da percepção dos estudantes, professores ouvidos pela reportagem dizem que a prova seguiu o padrão tradicional da Unesp, com conteúdo alinhado ao ensino médio. Para a maioria, o exame foi equilibrado, mas exigiu repertório consistente.

Segundo Vera Lúcia Antunes, coordenadora-geral do Objetivo, o conjunto apresentou temas clássicos em todas as áreas, sem surpresas para o aluno bem preparado. Ela destaca a abertura com história, com itens sobre Revolução Industrial, América Latina, redemocratização e chegada da corte portuguesa. Em filosofia, afirma que caíram conteúdos tradicionais -moral kantiana, democracia em Platão e debates sobre o mundo digital- em perguntas que exigiam clareza conceitual.

Em geografia, a professora elogia a escolha de assuntos recorrentes, como o conflito entre Índia e Paquistão, déficit habitacional, regularização fundiária e o papel de Chico Mendes nas reservas extrativistas.

O diretor-geral do Curso Anglo, Viktor Lemos, diz que a prova teve nível de dificuldade mediano, mas com variações entre disciplinas. "Em geografia e história, o grau de exigência foi de médio para difícil, com itens bastante conteudistas e boa presença de gráficos e imagens", afirma. Ele chama atenção para a ausência de questões de sociologia e a predominância de geografia do Brasil, além de observar imprecisões em uma questão de geometria.

Para Lemos, o exame reforçou o perfil tradicional da banca, com boa distribuição dos conteúdos e cobrança conceitual equilibrada.

Na área de biologia, o professor Fábio de Menezes, do Colégio Oficina do Estudante, avalia que as três questões foram bem distribuídas e cobraram ecologia, biologia molecular, fisiologia vegetal e citologia. Para ele, o conjunto foi coerente com o que se estuda no ensino médio.

Entre as exatas, professores apontam que física manteve a cobrança direta de fórmulas. Gabriel Gamberini, da mesma instituição, cita energia mecânica, espelhos e potência elétrica como temas centrais.

Em química, Carlos Vitorino afirma que a banca explorou grande variedade de conteúdos -de distribuição eletrônica a eletrólitos- sem aprofundamento excessivo, mas com muitos subitens.

Já em matemática, Rodrigo Silva classifica o nível como médio para difícil. Segundo ele, a prova trouxe geometria espacial com tronco de pirâmide, juros compostos ligados ao poder de compra e uma questão de análise combinatória.

Para Lemos, houve imprecisões na questão de geometria, que exigia do candidato "partir de pressupostos não explícitos no enunciado". Segundo ele, enquanto alguns itens eram bastante diretos, outros demandavam maior raciocínio lógico e atenção aos detalhes.

As questões discursivas valem até 72 pontos. Cada item recebe nota de 0 a 2, conforme domínio do conteúdo, precisão conceitual e clareza da resposta.

A Unesp oferece 5.867 vagas em 24 cidades. Para a segunda fase, convoca até sete vezes o total de vagas por curso e inclui até 3.000 treineiros com melhor desempenho.

Nesta segunda-feira (8), os candidatos farão a etapa de linguagens, com provas de português, literatura, inglês e uma redação dissertativa-argumentativa. O texto vale até 28 pontos. Fugir do tema, usar modelos prontos, inserir marcas de identificação ou copiar trechos dos textos motivadores anula a redação.

O resultado final será publicado em 30 de janeiro.