SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A Polícia Militar de São Paulo afastou o tenente Henrique Otavio Oliveira Velozo, julgado e absolvido pela morte do lutador Leandro Lo, das atividades oficiais da corporação.
Decisão de afastamento foi publicada no Diário Oficial no dia 1° de dezembro. Segundo o texto, votação se deu por unanimidade pelos membros do Conselho de Justificação da Polícia Militar.
Tenente está proibido de usar o uniforme da PM. Além disso, segundo a corporação, ele ficará sujeito a um regime disciplinar específico previsto em lei, que determina o afastamento das funções, o recebimento de apenas um terço da remuneração, que hoje é de R$ 14,6 mil, e a impossibilidade de ser promovido.
Velozo responde a um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) na corporação. Esse é um procedimento interno que visa apurar a conduta do militar, independentemente do resultado na esfera criminal, no qual ele foi recentemente absolvido pela Justiça. Em nota, a Polícia Militar informou que o policial mencionado poderá ser reintegrado à corporação, porém não retornará às suas atividades normais até a decisão final do Poder Judiciário referente ao PAD.
Defesa afirmou que o policial vai aguardar a decisão final do procedimento disciplinar fora do serviço operacional. Em nota, o advogado Cláudio Dalledone esclareceu que estuda uma medida para o retorno do tenente ao serviço policial.
JÚRI POPULAR ABSOLVEU VELOZO
Julgamento durou três dias e maioria do júri, composto por cinco mulheres e dois homens, decidiu pela absolvição do PM. O tribunal teve início no dia 12 de novembro e a sentença, a qual o UOL teve acesso, foi proferida às 20h30 do dia 14, no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda, na região central de São Paulo.
Júri acolheu tese de advogado do ex-PM, que alegou legítima defesa de Velozo. O advogado Cláudio Dalledone afirmou que as provas trazidas ao processo "demonstraram que o policial se defendeu do lutador". "Desde o início, a defesa demonstrou, por meio de provas e análises técnicas, que Henrique Velozo agiu em legítima defesa, depois de ser agredido e desmaiado por Leandro Lo", disse.
Durante julgamento, defesa também apontou "contradições" nos relatos de testemunhas. "Nada encaixava com a dinâmica real dos fatos", disse Dalledone. "Testemunha após testemunha, mostramos que o próprio conjunto probatório demonstrava a versão inicial", acrescentou. E concluiu: "Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido. Mas também é necessário reconhecer que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia".
JUSTIÇA DETERMINOU RETORNO DE POLICIAL À PM
Em outubro, o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu integralmente o decreto de Tarcísio de Freitas. No dia 22 de setembro, o governador de São Paulo aceitou a recomendação do Tribunal de Justiça Militar e determinou a demissão do tenente.
Justiça garantiu a reintegração do policial militar aos quadros da corporação. Em decisão liminar publicada no dia 10 de outubro, o desembargador Ricardo Dip determinou que além de ser reincorporado à PM, Henrique Velozo também teria direito a receber novamente o salário de policial militar, no valor mensal de R$ 14,6 mil.
LUTADOR FOI MORTO EM AGOSTO DE 2022
Leandro Lo foi baleado após briga, em São Paulo. O campeão mundial de jiu-jitsu foi morto no Clube Sírio, no bairro de Indianópolis, na zona sul de São Paulo, em agosto de 2022 após uma briga durante o show da banda Pixote.
O então PM, que já conhecia o lutador, se entregou um dia após o episódio. Segundo a mãe de Lo, Fátima, Velozo foi à casa noturna com a intenção de matar o campeão mundial. Os autos do inquérito da 16ª Delegacia de Polícia, na Vila Clementino, informam que uma das testemunhas revelou que o policial havia provocado Leandro antes de pegar uma garrafa de uísque e ser imobilizado pelo campeão mundial. Em seguida, o PM teria retornado e disparado.
Tenente da PM saiu de boate e foi a prostíbulo. Após disparar contra Leandro Lo, Velozo foi à boate Bahamas, tradicional prostíbulo em São Paulo. Imagens de câmeras de segurança mostram o policial entrando na boate às 3h04 e saindo duas horas depois, acompanhado de uma mulher não identificada. Na ocasião, ele pagou por uma garrafa de um litro de uísque e duas doses de gim com energético. A Polícia Civil informou que, depois de visitar o local, o tenente foi a um motel.