SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A Polícia Rodoviária Federal prendeu a esposa, três filhos e um sobrinho do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, 38, em uma rodovia de Campo Grande (MS). Segundo a PRF, eles estavam tentando fugir para a Bolívia junto com o líder do TCP, que teria fugido antes da abordagem.
A PRF foi acionada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por volta das 12h para interceptar dois veículos. Os carros estavam a caminho de Corumbá, na fronteira com a Bolívia, transportando familiares de Peixão, monitorados desde o Rio de Janeiro.
Segundo a denúncia, Peixão estaria junto com a família em um dos veículos, mas fugiu antes da abordagem. Nos veículos estavam a esposa, três filhos e um sobrinho de Peixão, mas ele não foi localizado. Durante a revista, os policiais encontraram joias com inscrições relacionadas ao líder do TCP (Terceiro Comando Puro).
Os motoristas teriam alegados à PRF terem sido contratados por um conhecido que reside na Bolívia. Eles viajaram de avião até o Rio de Janeiro, onde passaram a noite antes de seguir para o Mato Grosso do Sul.
Sobrinho de Peixão declarou ser o proprietário das joias. Todos os envolvidos foram detidos sob suspeita de lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
QUEM É PEIXÃO, DO TCP
Alvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é apontado como um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro. Ele tem sete mandados de prisão por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, homicídio e ocultação de cadáver.
Peixão é considerado o chefe do tráfico em conjunto de favelas. A região de atuação inclui Parada de Lucas, Vigário Geral e Cidade Alta.
É acusado de trazer drogas de outros países. Peixão tem sido um dos principais líderes do TCP na negociação para trazer drogas e armas de países como Paraguai, Colômbia e Venezuela devido à sua rede de contatos no exterior.
Evangélico, transmite orações via rádio. Além disso, utiliza o espaço para compartilhar visões e revelações que recebe, segundo a pesquisadora Viviane Costa, autora do livro "Traficantes Evangélicos", em entrevista à Ponte. Sua vida cristã, no entanto, é cercada de mistério: dizem que ele seria pastor, mas ninguém sabe exatamente de qual denominação.
Peixão construiu um "resort de luxo" no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro. O imóvel de luxo foi construído em área de preservação ambiental, com dinheiro ilícito. Para a construção, foi feita a retirada de vegetação nativa e alteração do curso d'água. Local tem lago artificial para criação de carpas, academia com equipamentos modernos e uma piscina. A academia, por exemplo, foi identificada como um dos pontos de encontro da facção.
Ele foi acusado de ataques contra religiões diferentes. Em julho de 2024 Peixão teria espalhado rumores entre moradores do Complexo de Israel de que bandidos armados iriam a igrejas católicas da região para fechá-las. Por precaução, três igrejas fecharam temporariamente. Além disso, o traficante não permite a prática de religiões de matriz africana. O comum é expulsar moradores, invadir terreiros e depredar centros religiosos
Traficante invadiu áreas que eram redutos históricos do Comando Vermelho. Segundo fontes na Polícia Civil ouvidas pelo UOL, Peixão expandiu a sua área de domínio entre o fim de 2017 e o começo de 2018. A Tropa do Arão surgiu na Parada de Lucas, depois tomando o controle de Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, na zona norte do Rio.