SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Em dezembro de 2007, ladrões invadiram o Masp (Museu de Arte de São Paulo) e levaram duas obras de valor inestimável: "Retrato de Suzanne Bloch", de Pablo Picasso, e "O Lavrador de Café", de Candido Portinari. O crime, que durou apenas três minutos, fez a Polícia Civil iniciar uma corrida contra o tempo para recuperar as obras.
COMO FOI A RECUPERAÇÃO DAS OBRAS
A polícia logo descartou a hipótese de ladrões internacionais. Embora inicialmente a polícia tenha afirmado que o furto foi obra de uma quadrilha internacional, especialistas ponderaram que amadores teriam feito o serviço, pois dificilmente conseguiriam vender obras tão raras, conforme noticiou a Folha de S.Paulo.
Crime teria sido uma encomenda. No processo, a Justiça apontou que os condenados foram "procurados por pessoas com interesse nas obras de arte de enorme valor, que somente possuem mercado de venda em outro país", sugerindo que os assaltantes furtaram o museu sob ordens.
Os bandidos receberiam R$ 5 milhões pelas obras. O então delegado-geral da Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire, afirmou na época que era "óbvio que os dois presos não furtaram para eles mesmos". "É uma encomenda ou para chegar a algum ponto. O principal agora é saber quem encomendou e para onde os quadros iam", disse.
A investigação que levou à prisão dos envolvidos focou inicialmente nos antecedentes criminais e em tentativas anteriores de invasão ao museu. Os presos já eram conhecidos por tentativas de roubo ao Masp. A dupla tinha uma extensa ficha de roubos e já havia tentado, sem sucesso, invadir o museu anteriormente no mesmo ano.
Sete dias após o furto, as obras foram localizadas. O paradeiro foi revelado por um dos presos que era foragido da Penitenciária de Valparaíso.
Obras estavam escondidas em Ferraz de Vasconcelos. As telas foram encontradas intactas nas paredes de uma casa na periferia de Ferraz de Vasconcelos, cidade da Grande São Paulo. A ação que culminou na recuperação das telas começou em 27 de dezembro, mas a prisão de dois homens e a localização das obras ocorreu em 8 de janeiro de 2008.
Terceiro envolvido foi preso após a localização das obras. Ele foi identificado pela polícia, teve o perfil divulgado e se entregou em 24 de janeiro de 2008. O homem confessou a participação no crime durante o interrogatório.
O roubo, segundo ele, foi encomendado por uma pessoa pública do Brasil. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o terceiro homem preso disse que não revelaria o nome do mandante por ter sido ameaçado de morte, mantendo em mistério a identidade do comprador final das telas.
As pinturas foram apresentadas à cúpula da segurança pública. Elas foram exibidas no Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) ao lado de policiais com fuzis. As duas obras foram entregues ao museu em uma cerimônia no dia seguinte.
O furto expôs a fragilidade do sistema de segurança do Masp. Após o assalto, que revelou a ausência de alarme, sensor e seguro para as obras, o museu instalou um sistema de segurança novo e reforçado.
Os envolvidos foram condenados em 2009. Além dos três responsáveis diretamente pelo furto, a Justiça condenou também um encarregado de ocultar os quadros. Ele era o dono da residência em Ferraz de Vasconcelos onde as obras estavam escondidas.