RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Após dois anos em queda, o número de mortes subiu a quase 1,5 milhão no Brasil em 2024, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta foi de 4,6% em relação a 2023, quando o país havia contabilizado 1,4 milhão de óbitos, segundo a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, que considera registros dos cartórios. O acréscimo foi de 65,8 mil mortes na passagem dos dois últimos anos.
Ao comentar os dados, Cíntia Simões Agostinho, analista da pesquisa do IBGE, destacou que o Brasil passa por um processo de envelhecimento da população. O quadro, conforme a pesquisadora, tende a elevar o número absoluto de mortes com o passar dos anos
"Onde ocorrem mais óbitos? Entre as pessoas mais velhas", afirmou. "Então, o que a gente espera daqui para frente é um aumento do número de óbitos, porque a população está envelhecendo", completou.
Com o avanço em 2024, o indicador interrompeu o movimento de queda depois da pandemia.
Em meio à crise sanitária, o número de mortes chegou a saltar 18% em 2021, alcançando o pico de quase 1,8 milhão à época. Na sequência, diminuiu 15,8% em 2022, para 1,5 milhão, e recuou 5% em 2023, para 1,4 milhão.
O número de 2024 (quase 1,5 milhão) ficou 13,5% acima do patamar de 2019 (1,3 milhão), antes da Covid-19.
MORTES SOBEM ENTRE IDOSOS E CAEM ENTRE CRIANÇAS
As estatísticas apontam que idosos de 60 anos responderam por 1,1 milhão de óbitos em 2024. Houve alta de 5,6% nessa faixa etária ante 2023 (1 milhão).
No sentido contrário, as mortes de crianças com menos de um ano de idade caíram 6%. O número foi de 25,7 mil em 2024, após marcar 27,3 mil em 2023. Duas décadas antes, em 2004, os óbitos de bebês nessa faixa etária somavam 42,5 mil casos.
De 2023 para 2024, o número total de mortes avançou em 26 das 27 unidades da federação. A única com baixa foi Roraima (-5,7%).
Distrito Federal (+11,6%), Rio Grande do Sul (+7,6%), Santa Catarina (+7,5%), Goiás (+7,5%) e Paraná (+7%) tiveram as maiores altas. Em São Paulo, os registros cresceram 5%, acima da média nacional (+4,6%).
MORTES NATURAIS E EXTERNAS
Das mortes registradas no Brasil em 2024, 90,9% foram classificadas como naturais, ou seja, associadas a causas internas do organismo humano, como doenças e envelhecimento.
Outras 6,9% foram consideradas não naturais (ou externas). A categoria inclui casos como homicídios, suicídios, acidentes de trânsito e afogamentos.
Em 2023, as participações eram de 90,6% (naturais) e 7,1% (não naturais).
Em termos absolutos, os óbitos naturais tiveram acréscimo de 63,6 mil na passagem dos dois últimos anos, alcançando quase 1,4 milhão em 2024. Já os não naturais mostraram aumento de 1.696, a 103,5 mil.
O IBGE destacou que o número de mortes externas entre homens (85,2 mil) correspondeu a 4,7 vezes o verificado entre as mulheres (18 mil).
Entre os jovens de 15 a 29 anos, a sobremortalidade masculina devido a causas não naturais é ainda mais acentuada. Equivale a 7,7 vezes a feminina.
Entre as unidades da federação, o Amapá teve o maior percentual de óbitos não naturais em relação ao total: 13,9%. Foi o dobro da média nacional (6,9%).
O Distrito Federal, por outro lado, registrou a menor proporção (4,3%).
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