SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que vai procurar a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para se queixar sobre a falta de luz da cidade nesta quarta-feira (10). O fornecimento de energia é de responsabilidade da Enel.

Segundo painel da concessionária, mais de 1 milhão de imóveis estavam sem energia às 13h. Na Grande São Paulo, esse número passa de 1,8 milhão.

"Estamos cobrando e notificando a Aneel", afirmou Nunes à reportagem. Segundo ele, imagens de pátios da Enel cheios de veículos estavam sendo divulgados nas redes sociais.

O prefeito afirmou que faria notificação pelo apagão que atingiu a cidade e pelos veículos nos pátios.

Questionada sobre as imagens de pátios cheios, a Enel não respondeu até a publicação deste texto. Anteriormente, a empresa disse que havia 1.300 equipes atuando para restabelecer o fornecimento para os moradores afetados na Grande São Paulo.

Segundo o diretor de operações da Enel São Paulo, Márcio Jardim, clientes devem ser afetados até o fim do dia pelas rajadas de vento. "Dado que a nossa concessão tem uma densidade bastante grande de clientes, isso acaba ocasionando desligamentos da rede devido a objetos arremessados na rede, sejam árvores, galhos e outros." Além de curto-circuito nas redes atingidas, também há danos em postes. A particularidade deste evento, segundo Jardim, é a previsão de ventania até o fim do dia.

Questionado sobre impactos em grandes equipamentos, o diretor afirma que a maior parte dos problemas ocorre nas redes de média tensão, que correm pelos cabos em postes.

Com a chegada do período de chuvas, novos episódios de ventania são esperados, mas Jardim diz que a companhia está mais preparada. "Ontem paramos com 1.000 equipes, hoje vamos operar com mais de 1.300 equipes para fazer frente a essa demanda."

Neste ano, Nunes questionou na Justiça a renovação da concessão da Enel.

Na ação ajuizada em agosto, a prefeitura lista falhas recorrentes no fornecimento de energia, com apagões sobretudo durante períodos de chuvas e vendavais.

Como mostrou a Folha, os últimos dez anos foram marcados por uma reviravolta na qualidade do fornecimento de energia elétrica na área de concessão da Enel SP na região metropolitana de São Paulo. Depois de seis anos com o consumidor sentindo melhoras contínuas, com redução no número de apagões e também do período sem energia, a percepção em relação à qualidade do serviço piorou rapidamente.

O tempo médio que o cidadão paulistano fica no escuro triplicou, passando de cerca de 7 horas sem luz por ano, em 2021, para quase 22 horas, no ano passado.

Também questionada, a Aneel não respondeu sobre os problemas enfrentados no estado de São Paulo nesta quarta-feira e quais medidas está adotando.

Ventos que chegaram a 96 km/h, provocados pelo deslocamento de um ciclone extratropical no sul do país ao oceano, são apontados como responsáveis pelo apagão que atinge São Paulo.

A ventania provocou queda de centenas de árvores e afetou os voos no aeroporto de Congonhas, na zona sul da cidade.