SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira (10) um homem suspeito de transportar o corpo de uma mulher em um carrinho de supermercardo na semana passada na zona leste de São Paulo.

Erick Pereira dos Santos, conhecido como Cicatriz, tinha um mandado de prisão expedido pela Justiça por suspeita de participação no crime. A vítima foi identificada como Angélica Alves Camargo.

Ele foi encontrado na rua Borges Figueiredo, na Mooca, zona leste de São Paulo e levado para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pela investigação.

A principal hipótese é de feminicídio. A polícia ainda investiga se ele foi responsável pela morte de Angélica ou se apenas atuou no transporte do cadáver. A reportagem não localizou a defesa de Santos.

Câmeras de monitoramento flagraram o homem empurrando o carrinho pela rua General Oscar Carvalho, na Vila Formosa.

O corpo de Angélica foi encontrado por acaso por um homem que investigava o furto de duas bicicletas. Ele chegou a Santos, que seria morador de rua, e passou a vigiá-lo. Durante a madrugada, o homem passou a seguir dentro de seu carro o suspeito. Ao notar a movimentação, Santos fugiu e abandonou o carrinho que empurrava.

Ao se aproximar, o homem viu o corpo da mulher e acionou a Polícia Militar.

O dono de um estabelecimento disse que Santos esteve em seu bar, bebeu duas cervejas e não pagou. Ele saiu do local correndo e deixou para trás uma pochete, onde havia um cachimbo, isqueiro e um sachê.

O suspeito foi reconhecido por foto do sistema policial e por imagens obtidas por meio do Muralha Paulista, sistema de câmeras do governo estadual.

Exames periciais foram requisitados para determinar a causa da morte de Angélica.

"A frieza demonstrada por sua conduta -ao transportar pela via pública o corpo de uma mulher já sem vida, utilizando-se de um carrinho- evidencia elevado grau de periculosidade e desprezo pelos mecanismos mínimos de controle social", diz trecho do pedido de prisão feito pelo DHPP (Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa).

RECORDE DE FEMINICÍDIOS

Em 2025, o número feminicídios na capital paulista chegou a 53 casos, o maior da série histórica -o recorde acontece mesmo com dois meses ainda para terminar o ano. Em 2024, foram 51 casos de feminicídio de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.

Os dados reforçam as características mais comuns a esse tipo de crime: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes -instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.