SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O advogado Pedro Brum, 33, voltava de Salvador para Florianópolis, mas uma escala em São Paulo em um dia caótico comprometeu os planos.

Pedro, a companheira e mais um casal de amigos voltavam de uma viagem de 10 dias de férias em Salvador, na Bahia. "Fizemos uma escala em São Paulo, chegamos no aeroporto [de Congonhas] às 17h, o embarque estava previsto para às 19 horas de ontem", diz.

Embarque ocorreu às 23h, com quatro horas de atraso. "Embarcamos das 23h à meia-noite quando fomos avisados que a torre de serviço fecharia. O comandante avisou que normalmente a torre fecha às 23, mas ontem esticaria o horário de funcionamento até meia-noite."

Pedro, a companheira e o casal de amigos permaneceram no avião até 2 horas. Os quatro conseguiram deixar o aeroporto de Congonhas às 3h. "Foi horrível. A sensação foi de muita incerteza. Não tivemos informação. Sentimento de frustração com a falta de comunicação entre aeroporto, torre e comandante. Tempo perdido."

O comandante da aeronave da Gol informou que não havia vaga para estacionar, segundo Pedro. "Nesse intervalo, ficamos tentando encontrar um hotel para passar a noite, conseguimos um no centro de São Paulo, na Santa Ifigênia", disse. "O atraso e o cancelamento impactam muito pelas questões profissionais e também porque hoje é aniversário da minha companheira."

Média de tempo para ter informação era de 5 horas, segundo Pedro. O aviso foi dado na noite de ontem para o grupo quando o voo não decolou no horário previsto. Segundo ele, nenhuma informação ou orientação foi dada. "Nenhum funcionário estava no aeroporto ontem, estava fechado. Não tinha energia para carregar celular."

"Falta de cuidado com o consumidor", diz Pedro. "Ontem tinha um funcionário para atender todos os voos remarcados em uma fila de 5h. Tinham muitas crianças na fila e adultos tentando a remarcação." Hoje, Pedro e os amigo chegaram em Congonhas às 9h, mas até o fim da manhã não tinham informações se conseguiriam embarcar hoje.

Ele e a companheira voltavam de uma viagem de férias em Salvador e retornariam ao trabalho hoje. "Nós quatro deveríamos voltar hoje", diz. "Estamos pensando em alternativas, vou tentar alugar um carro e ir dirigindo, ou pegar um ônibus para tentar chegar ainda hoje, em uma viagem de 12 a 13 horas."

VOOS CANCELADOS

No aeroporto de Congonhas, já são 46 voos cancelados na manhã desta quinta-feira (11). Apesar disso, a Aena, concessionária que administra o local, afirmou que o aeroporto segue aberto para pousos e decolagens. Em nota, a companhia esclareceu que, como reflexo das condições meteorológicas de ontem, com rajadas de vento de mais de 90 km/h, e por ajuste da malha aérea, há 31 chegadas e 15 partidas canceladas.

No aeroporto de Guarulhos, outros 15 voos previstos para esta quinta foram cancelados. Os ventos fortes que atingiram a Grande São Paulo deixaram mais de 2 milhões de imóveis sem luz. Além disso, mais de 300 árvores caíram e parques foram fechados. "A Aena recomenda que os passageiros com viagens programadas entrem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação do voo", disse a concessionária em nota enviada ao UOL.

Em dois dias, foram mais de 200 voos cancelados. Só em Congonhas ontem 88 chegadas e 93 partidas não puderam ser realizadas. A administração do aeroporto de Guarulhos foi procurada e afirmou que um balanço ainda será divulgado em breve.

Cancelamentos seguem pelo 2º dia, reflexo de ventos intensos. Segundo a Defesa Civil, as rajadas alcançaram 96,3 km/h em Congonhas e 77,8 km/h em Guarulhos.

Ventania é causada por formação de ciclone no Sul. O fenômeno causou chuva volumosa, rajadas de vento fortes e queda de raios e granizo na região do centro-sul do país.

A partir desta quinta-feira, o ciclone começa a se afastar de São Paulo e o risco de temporais diminui. Mesmo assim, ainda pode haver rajadas de vento isoladas em regiões como Campinas, Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e Vale do Paraíba.