SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os cancelamentos de voos no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, chegaram a 291 até as 15h30 desta quinta-feira (11), somados os dois dias de transtornos provocados pelo ciclone extratropical que passou pelo estado na véspera.

Somente nesta quinta, o segundo mais movimentado aeroporto do país tinha 110 voos cancelados, sendo 63 chegadas e 47 partidas. Na quarta-feira (10), ocorreram 181 cancelamentos, 88 chegadas e 93 partidas, segundo a Aena Brasil, concessionária que administra o serviço.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, a Folha observou filas de clientes que esperavam pela remarcação de horários nesta quinta e ouviu queixas de passageiros afetados por cancelamentos ou atrasos. Procurada pela reportagem, a operadora GRU Airport não havia fornecido informações sobre o serviço até a publicação deste texto.

As interrupções nesta quinta ainda são consequência das rajadas de vento de até 90 km/h desta quarta. Com o fenômeno tendo impedido dezenas de pousos e decolagens, a malha aérea passa por ajustes necessários, informou a Aena.

Passageiros com viagens programadas devem verificar a situação de seus voos diretamente com as companhias aéreas antes de se deslocarem ao aeroporto, orientou a concessionária.

Para aqueles que já estão no local, a concessionária afirma que toda a infraestrutura e serviços para atendimento aos passageiros está disponível.

Passageiros divulgaram em redes sociais imagens de filas e lotação no saguão do aeroporto, além de relatarem falta de informação precisa sobre os horários de embarque.

GUARULHOS TEM FILA E FALTA DE INFORMAÇÃO

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, a calmaria do Terminal 3 contrastava com as filas no Terminal 2 na tarde desta quinta.

Clientes tentavam remarcar voos cancelados, embora a concessionária GRU Airport não tenha retornado aos pedidos da reportagem sobre números de cancelamentos e atrasos.

A jornalista paraguaia Helen Pires, 25, contou que seu voo deveria partir às 8h55, mas foi cancelado sem que a companhia aérea oferecesse informações claras. Funcionários não conseguiam nem sequer para qual local os passageiros deveriam se dirigir.

Ela afirma que, desde 7h50, receberam água apenas uma vez e não receberam oferta de alimentos.

Diante da ausência de suporte, os viajantes passaram a se organizar por conta própria. Mais de 60 pessoas se aglomeravam em apenas dois guichês, enquanto funcionários atendiam simultaneamente passageiros de outros voos também cancelados.

Márcio Aparecido Barbosa, 41, aguardava desde as 9h para concluir a conexão rumo a Belo Horizonte, após ter partido de Maringá.

O atraso no primeiro trecho fez com que ele chegasse ao portão um minuto antes da decolagem prevista, mas o embarque não foi autorizado. Em seguida, ele foi direcionado para uma fila na qual permaneceu sem previsão de atendimento. Sem que tivesse sido consultado, ele teve sua passagem remarcada para 13 de dezembro, data inviável devido aos compromissos urgentes que tem em Minas Gerais.

O ciclone extratropical começa a se afastar do litoral paulista nesta quinta-feira, mas ainda deve provocar rajadas de vento que podem superar os 50 Km/h, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da prefeitura.

Nesta quarta, os maiores registros foram de 98 Km/h na Lapa (zona oeste), 96 km/h em Congonhas e 81 km/h em Santana (zona norte).

Além dos efeitos no tráfego aéreo, a ventania provocou quedas de árvores e cortes de energia elétrica e água.

Os ventos devem diminuir significativamente a partir desta quinta-feira (11), segundo o CGE.