SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Uma estudante da USP precisou praticamente "se mudar" para o campus para conseguir trabalhar e fazer atividades básicas após ficar sem energia elétrica em casa, no centro de São Paulo. A falta de luz é consequência da passagem de um ciclone extratropical que causou um vendaval.

A moradora dos Campos Elíseos, na região central de São Paulo, está há dois dias sem luz. A doutoranda de odontologia Ana Cambuí, 33, diz que a falta de luz já começa a ameaçar também o abastecimento de água.

Sem água por enquanto não, somente luz. Mas a questão da falta de água já é uma preocupação. Devido à falta de energia não há como bombear a água para a caixa, e o reservatório já está acabando.

Ana Cambuí

Prédio passou a economizar água. Segundo Ana, diante da incerteza sobre a normalização do serviço, os moradores reduziram o consumo. "Não sabemos, estamos todos no prédio economizando para tentar levar o máximo possível", diz.

Ela precisou mudar a rotina para trabalhar: Ana passou os últimos dias trabalhando na universidade. "Sou aluna de doutorado da USP e passei os últimos dias trabalhando da universidade, já que por conta da falta de energia não teria como trabalhar de casa."

Universidade virou ponto de apoio para atividades básicas, como tomar banho e comer. Sem previsão de retorno da luz, ela passou a usar a estrutura do campus também para banho e alimentação.

"Como não tinha previsão de retorno, tive de tomar banho aqui no ginásio da universidade antes de voltar para casa. E fazendo as refeições no restaurante universitário. Estou indo para casa basicamente só para dormir, já que tenho prazo para entregar meus trabalhos e não consigo fazer lá", disse Ana Cambuí.

Situação é mais grave para outros moradores da região, diz ela. Ana afirma que consegue se adaptar por ter acesso à universidade, mas destaca o impacto para vizinhos.

"Pelo menos ainda tenho a possibilidade de usar a estrutura da universidade, sei que muitas pessoas --vizinhos idosos, pessoas com dificuldade e que não têm possibilidade de ir para outro lugar-- estão sem ter o que fazer todo esse tempo", disse Ana Cambuí.

Ela ainda relata prejuízo financeiro. "Todos já perdemos o que tínhamos na geladeira, os alimentos acabaram estragados."

Mais de 600 mil imóveis na Grande São Paulo estão sem energia elétrica hoje, dois dias após o início do apagão com a passagem de um ciclone extratropical que gerou vendaval.