RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O interior de São Paulo terá um museu ferroviário sobre trilhos com pelo menos 14 veículos em exposição ao público, que também poderão ser utilizados numa rota ferroviária turística.

Em desenvolvimento pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), o museu está sendo feito nos trilhos que no passado foram operados pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e hoje abrigam uma rota de 25 quilômetros entre Campinas e Jaguariúna.

O objetivo é que o museu na estação Anhumas, em Campinas, esteja pronto no ano que vem, mas isso depende dos recursos obtidos pela ABPF, que tem como fontes de receita a renda gerada nos passeios (bilhetes, lanches e souvenirs), a anuidade dos associados e doações. Anhumas é a estação de embarque nos passeios de finais de semana até Jaguariúna.

Diretor da associação, Hélio Gazetta Filho conta que o projeto seguiu a originalidade do pátio da Mogiana, contemplando a linha principal, usada na rota turística, e duas paralelas.

No museu, que terá 8,2 m de largura e 120 m de comprimento, os visitantes deverão encontrar pelo menos sete locomotivas e sete vagões e carros de passageiros, mas o número pode subir, conforme as dimensões dos veículos expostos.

"Se forem locomotivas pequenas, talvez dê para levar uma a mais. Vai o material mais exótico, que você quase não usa no dia a dia. Carro-administração, carro-dormitório ou carro-bagagem. Até algum vagãozinho antigo pode ir também", disse o diretor da associação.

De acordo com ele, porém, o acervo exposto ao público no futuro museu não obrigatoriamente ficará estático para sempre.

"Não é porque está no museu que não sai mais. Ali [o trecho] está ligado na malha ferroviária, então se a gente resolver fazer alguma coisa dali andar, é só puxar e vai andar." Isso abre brechas para a renovação permanente do acervo exposto aos visitantes.

A proposta contempla no futuro a instalação de uma plataforma no meio dos veículos expostos e a iluminação dos carros de passageiros, para que os visitantes visualizem o interior dos veículos restaurados pela ABPF.

Neste ano, as obras estruturais contemplaram a frente e os fundos do museu e a instalação de câmeras de segurança. Os próximos passos envolvem atender exigências de órgãos como o Corpo de Bombeiros e obras de energia elétrica.

A associação também busca recursos com a Prefeitura de Campinas, que tem atuado como parceira, de acordo com Gazetta Filho.

O acervo destinado ao futuro museu está hoje guardado na estação Carlos Gomes, também em Campinas, que abriga a oficina para restauração e manutenção das locomotivas e vagões.

Após os veículos serem levados para o museu, a oficina ficará desafogada em relação a espaço ?o que significará melhores condições de trabalho para a equipe e, também, por outro lado, a abertura da possibilidade de recebimento de locomotivas e carros de passageiros que estão abandonados pelo país. E há muitos nessa situação.

Em 40 anos de operação, já foram recuperadas no local mais de 20 locomotivas e mais de 60 carros de passageiros e vagões de cargas, que no passado atenderam cerca de 20 companhias ferroviárias ?como Mogiana, Companhia Paulista, Estrada de Ferro Oeste de Minas, Estrada de Ferro Sorocabana e Estrada de Ferro Araraquara.