SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um projeto da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo realiza, em parceria com o Instituto Oncoguia, oficinas com vereadores para fortalecer o combate ao tabagismo nos municípios paulistas.

A iniciativa aborda parlamentares das cidades escolhidas para ensinar estratégias antitabagismo, que depois podem ser convertidas em políticas públicas regionais voltadas ao controle da doença. O projeto, que tem apoio da Umane, já integrou 74 gabinetes em 25 municípios. Segundo a secretaria, há planos para atingir novas cidades no próximo ano.

A medida resultou, até agora, em dez projetos de lei. Dois deles já foram aprovados na cidade de Botucatu (a 238 km de São Paulo). O primeira cria uma semana dedicada à conscientização contra o tabagismo no município. O segundo obriga os estabelecimentos que vendem cigarros e derivados de tabaco a fixar, em locais visíveis, avisos sobre a existência de programas antifumo no SUS.

Um dos motivos que levaram à criação do projeto é o avanço do cigarro eletrônico no país, segundo a superintendente-geral da Umane, Thais Junqueira. "A gente quer combater o tabagismo como um todo, mas o cigarro eletrônico é um emergente, e temos que agir muito rapidamente contra ele", diz.

Pesquisa divulgada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em junho mostra que 8,7% dos adolescentes de 14 a 17 anos relataram ter usado cigarros eletrônicos no último ano.

Além de incluir legisladores das cidades, o projeto envolveu líderes comunitários, que assumiram a responsabilidade de transmitir as estratégias em suas regiões. Os vereadores que participaram também passaram a compartilhar a experiência com colegas de outras cidades.

Para a coordenadora do Programa Nacional de Controle ao Tabagismo em São Paulo, Sandra Marques, sob a ótica comportamental, o tabaco vem sendo negligenciado. Por isso, ela diz, é importante manter ativo o trabalho de comunicação de forma insistente. "Os vereadores estão na ponta da linha, em contato direto com quem vive nas cidades. Precisamos muito deles."

Segundo Sandra, o trabalho não se restringe às políticas de saúde, incluindo também as áreas de educação e segurança pública para coibir a venda de produtos clandestinos, como cigarros contrabandeados e eletrônicos, proibidos no Brasil.

Entre os projetos em tamitação, um cria o programa municipal de prevenção e controle ao tabagismo, em Franca, proposto pelo vereador Marcelo Tidy (MDB). Em Soracaba, um projeto, de autoria do vereador Izídio de Brito (PT), proíbe o uso de cigarros eletrônicos em ambiente escolar.

"Me assusta a quantidade de jovens entrando de cabeça nos vapes, e o mais preocupante é que as famílias não estão atentas", afirma o vereador Lalo Pagani (PSDB), responsável pelos projetos em Botucatu. Ele cita estudos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) que identificaram graves danos aos pulmões de usuários de vapes em sua região.

Em Botucatu, além dele, outros seis vereadores participaram da formação, incluindo servidores da Câmara Municipal.

Ao término do projeto, foram realizadas dez oficinas com 204 participantes, explica Luciana. "O engajamento dos participantes com o tema foi impactante, reverberou em redes sociais e se converteu em discursos nas Câmaras. A expectativa é que, no médio prazo, esses textos se tornem leis".

Segundo Sandra, a ideia é seguir com o projeto nos próximos anos e, se possível, nacionalizá-la.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.