SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de moradores da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, realizou um protesto na manhã desta segunda-feira (15) contra uma obra da gestão Ricardo Nunes (MDB) que vai retirar o gramado natural de uma praça para instalar grama sintética no local. A mudança ocorre para a instalação de um campo de rugby no local.

Os moradores dizem não ter sido consultados sobre a revitalização da praça Rosa Alves da Silva e afirmam que a mudança irá restringir o uso do local. Segundo eles, a área gramada é utilizada para diversas finalidades que vão ser afetadas com a instalação de grama sintética.

Um abaixo-assinado contra a intervenção já conta com quase 1.500 assinaturas. Os moradores dizem que a obra vai acabar com o "campão", que hoje é usado para jogos de futebol, vôlei, piqueniques, banhos de sol e brincadeiras infantis.

Em nota, a Subprefeitura Vila Mariana, responsável pela obra, disse que as intervenções vão "diversificar as atividades oferecidas, alcançando novos públicos e sem prejuízo à prática das demais modalidades esportivas já existentes no local".

Ainda segundo a subprefeitura, as obras preveem também a implantação de uma nova rede de drenagem, reforma do parcão (reservado para os cachorros) e da ATI (academia da terceira idade) e a instalação de um parquinho sensorial voltado à primeira infância.

"Acreditamos que as melhorias na praça devem ser realizadas de maneira não excludente", diz o abaixo-assinado dos moradores.

Lina Ceschin, 37, que mora perto da praça e frequenta o local, endossa as críticas. "O campão é muito usado para diversas atividades. Não entendemos por que preferem mudar o espaço e limitar seu uso para apenas uma finalidade, só para a prática de rugby."

Segundo ela, uma equipe de rugby costuma praticar o esporte no local, mas por apenas duas horas na semana. "Será que essa obra vai promover um uso democrático do espaço? Eu acredito que não."

No abaixo-assinado, os moradores também argumentam que a substituição de grama natural por gramado sintético, de plástico, borracha e base asfáltica, contribui para o aquecimento local e inviabiliza a permeabilidade natural. Também dizem que o micro plástico pode contaminar córregos e rios.

"Já vivemos em uma cidade com tão pouco verde, tão pouco contato com a natureza. É muito triste que o próprio poder público incentive a retirada de um gramado natural para substituí-lo por plástico. Isso só vai trazer mais problemas futuros para a cidade", diz Lina.

Questionada se o estudo das obras avaliou o impacto da retirada do gramado natural na drenagem e regulação da temperatura ambiente, a subprefeitura respondeu que a região da praça "não apresenta histórico de alagamentos".

"O território da Vila Mariana conta com 39 jardins de chuva, que funcionam como reservatórios para a captação de águas pluviais, contribuindo para a infiltração da água no lençol freático. Cada jardim de chuva possui até 1,5 metro de profundidade e é composto por três camadas: um poço de infiltração de um metro, uma estrutura formada por rachão, brita, terra e composto orgânico, além de plantas e flores responsáveis pela absorção da água", disse.