SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O desembargador Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso na manhã desta terça-feira (16), no Rio de Janeiro.
Júdice Neto era o relator do processo do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias. A suspeita é de que o magistrado tenha vazado informações sobre a realização da operação policial contra o parlamentar.
A prisão faz parte da Operação Unha e Carne 2, que apura vazamento de informações sigilosas e obstrução de investigação relacionada à Operação Zargun. O deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), afastado da presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e um assessor dele também foram alvos da Polícia Federal.
Além da prisão do desembargador, a PF cumpre dez mandados de busca e apreensão. Todos foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
A investigação envolvendo TH Jóias apura a relação entre agentes públicos e facções criminosas no Rio de Janeiro. O ex-deputado foi preso em setembro, acusado de tráfico de drogas e associação ao Comando Vermelho, além de usar o mandato para beneficiar a facção criminosa. Outras 14 pessoas também foram detidas.
QUANTO GANHAVA JÚDICE NETO?
Segundo o Portal da Transparência do TRF-2, a remuneração mensal do desembargador em novembro de 2025 era de R$ 90 mil.
Com pagamentos adicionais, como indenizações e gratificações, o total de créditos no mês chegou a R$ 125 mil. Com descontos, o valor líquido recebido pelo magistrado foi de R$ 80.580,06. Os dados estão disponíveis para consulta pública.
Júdice Neto tem 59 anos e nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo. É formado em direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e iniciou a carreira como juiz federal em 1993.
Ele ficou afastado da magistratura por cerca de 18 anos, em razão de investigações sobre suspeitas de irregularidades no exercício da função. Em 2022, após revisão do caso pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi reintegrado à magistratura federal, retornou ao cargo de juiz e, em 2023, foi promovido a desembargador.