SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A PUC-SP decidiu que não vai mais tentar preencher as vagas ofertadas para os cursos de serviço social filosofia, assim não terá turmas de ingressantes nessas graduações em 2026. A instituição diz que a falta de interessados inviabilizou a oferta dos cursos.
A universidade foi a primeira do país a ter uma graduação para a formação de assistentes sociais no país, em 1936. O curso é também reconhecido como o quarto melhor do Brasil e o primeiro entre as instituições privadas de ensino pelo RUF (Ranking Universitário Folha).
Já o curso de filosofia é considerado um dos mais antigos do país.
A decisão levou um grupo de docentes e alunos a enviar uma carta para a reitoria pedindo a adoção de medidas para evitar o fechamento completo do curso de serviço social. Eles defendem, por exemplo, que haja uma segunda tentativa para preencher as vagas com o vestibular complementar e para que seja criada uma política de bolsas para graduações com baixa procura.
Das 40 vagas ofertadas para ingresso em Serviço Social pelo vestibular de verão de 2026, apenas seis foram preenchidas ao final de todas as chamadas. Esse é o segundo ano consecutivo que o curso registra baixa procura de interessados ?em 2025, já não houve turma de primeiro ano.
Em filosofia, três pessoas se matricularam. A universidade ofertou 40 vagas.
Os docentes, no entanto, esperavam que a universidade tentasse preencher as vagas ainda em janeiro, quando é realizado o vestibular complementar em que os candidatos podem tentar ingressar com a nota do Enem ou fazendo uma prova online.
O Consad (Conselho Administrativo) da instituição não incluiu o curso de serviço social e filosofia entre os aptos para esse novo processo seletivo.
Em nota, a universidade informou não haver "viabilidade acadêmica" neste momento para a formação de uma turma de ingressantes nos dois cursos.
"Diante desse cenário, a PUC-SP entendeu que a abertura não seria coerente com os princípios da instituição de promover uma vivência acadêmica adequada aos estudantes."
Para Marli Pitarello, diretora da Faculdade de Ciências Sociais, que inclui o curso de serviço social, a diminuição de interessados é reflexo do avanço da modalidade EAD com mensalidades muito inferiores às da PUC-SP ?atualmente, em R$ 1.395. Já o curso de filosofia tem mensalidades de R$ 2.999.
"Tem algumas faculdades que cobram menos de R$ 200 por mês, mas será que elas oferecem a mesma qualidade que nós? Nós fomos os pioneiros, todos os outros cursos de serviço social se originaram da PUC-SP", diz a docente.
Por isso, ela e outros professores defendem que a reitoria deveria estabelecer ações para garantir a sobrevivência da graduação. Eles avaliam que a concessão de bolsas faria frente à concorrência dos cursos a distância.
"A concorrência com a EAD não é só uma concorrência de mercado. Manter o curso de Serviço Social da PUC-SP é, em última instância, uma decisão política de opção pela defesa dos direitos sociais dos usuários das políticas públicas", diz a carta enviada à reitoria.
Eles avaliam ainda que a queda de alunos interessados pode se intensificar para outros cursos de humanidades nos próximos anos, por isso, defendem um plano de recuperação da atratividade dessas graduações na PUC-SP.
"Apontamos a necessidade urgente de enfrentar a questão da baixa procura, responsabilidade da gestão da universidade, que não afeta apenas o curso de serviço social, mas, também, outras áreas, o que aponta para uma tendência, notadamente para os cursos da área das ciências humanas. Também, a necessidade de investir decisivamente em estudos e estratégias de acesso e permanência de estudantes", diz a carta.
Em nota, a reitoria respondeu que conduziu "estudos aprofundados" sobre a situação atual do curso de serviço social e filosofia, e de outras 13 graduações, e apontou um conjunto de recomendações ao corpo docente.
Ainda segundo a reitoria, eles têm "autonomia acadêmica para deliberar sobre eventuais processos de atualização e reforma curricular". A nota não informou quais foram as recomendações nem se estuda ampliar a oferta de bolsas para cursos com baixa demanda.