SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pela primeira vez em oito dias, a região metropolitana de São Paulo tem menos de 20 mil imóveis sem energia elétrica.

Na manhã desta quinta-feira (18), 18.898 endereços estão com o fornecimento de eletricidade interrompido em toda a área de concessão.

Na capital paulista, são 14.096 imóveis sem energia. O número é considerado dentro da normalidade pela Enel e pode ter diversas causas.

O número é o menor de desde o último dia 10, quando a ventania causada pelo ciclone extratropical que atingiu o Sudeste brasileiro deixou 2,2 milhões de clientes sem energia na Grande São Paulo. Nos últimos dias, o número oscilou, mas sempre acima dos 45 mil.

Nesta quarta-feira (17), um dia depois de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), anunciar que dará início ao processo de encerramento do contrato com a Enel em São Paulo, a concessionária enviou à imprensa um comunicado defendendo sua atuação como distribuidora de energia na região metropolitana e afirmando estar disposta a investir no enterramento da rede, para evitar que quedas de árvores voltem a provocar apagões no futuro.

No entanto, a Enel destaca que conta com um investimento compartilhado "com todas as instituições envolvidas", referindo-se aos órgãos governamentais, para esse projeto de rede subterrânea se tornar realidade.

"A solução necessária exige investimentos maciços em redes resilientes e digitalizadas, além da implantação em larga escala de uma rede de distribuição subterrânea. Essa medida requer um plano estruturado e coordenado com as autoridades públicas, definindo as modalidades mais apropriadas para uma remuneração adequada desse investimento. A empresa está disposta a realizar esses investimentos como parte de uma estratégia compartilhada com todas as instituições envolvidas", diz a nota.

Em relação à possibilidade de quebra do contrato de concessão pelo governo federal, a Enel diz que tem melhorado a qualidade do seu serviço desde que assumiu a concessão e que vem cumprindo todos os indicadores regulatórios desde então.

"A distribuidora confirma o cumprimento integral dos indicadores regulatórios, tendo apresentado avanços consistentes em todos os índices relacionados à qualidade do serviço, conforme comprovado pelas fiscalizações recentemente realizadas pela agência reguladora."

A resposta da Enel veio horas depois que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que as falhas recentes na distribuição de energia em São Paulo serão analisadas em um processo já existente, que apura a responsabilidade da empresa por problemas observados em 2024. A decisão, somada à pressão política por uma resposta ao caso, pode acelerar a análise sobre a caducidade do contrato.

O processo da Aneel aberto após as falhas de outubro 2024 é resultado de um termo de intimação contra a Enel após 3 milhões de clientes terem sido afetados na época e residências terem ficado seis dias sem luz. A análise pode resultar em uma eventual recomendação de caducidade a ser apreciada pela diretoria da Aneel e, em última instância, pelo Ministério de Minas e Energia.

Para evitar que isso ocorra, a Enel também destacou na sua nota os investimentos de mais de R$ 10 bilhões feitos entre 2018 e 2024 e o plano para os próximos anos. "Para o período de 2025 a 2027, a distribuidora aprovou um plano de investimentos recorde, atualmente em execução, no valor de R$ 10,4 bilhões."

A concessionária enfatizou que, a partir de 2024, ela reforçou seu plano operacional e ampliou a força de trabalho com a contratação de cerca de 1.600 novos profissionais para serviços operacionais.

Como resposta ao apagão do dia 10, que deixou clientes até seis dias sem energia, a concessionária listou os trabalhos realizados desde então, destacando que "dedicou prontamente todos os seus esforços e recursos para atender os consumidores afetados pelo intenso ciclone extratropical que atingiu a área de concessão".