SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um casal de namorados morreu no último dia 24 de julho em uma queda de moto no km 209 da rodovia BR-101, em São José, região da Grande Florianópolis.
A região é apontada como a mais crítica para acidentes graves de trânsito entre todas as rodovias federais que cortam o país, de acordo com um mapeamento feito pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Neste ano, até o último dia 30 de novembro, foram 112 acidentes graves entre o km 200 e o km 210 da BR-101. O segundo lugar no ranking vem logo a seguir na estrada federal, até o km 220, com outros 94 sinistros graves. O mapeamento é feito a cada dez quilômetros.
Das 20 primeiras colocações do ranking, há sete trechos violentos da BR-101 em Santa Catarina, o estado com mais casos graves, aponta o levantamento.
Na quinta-feira (18), um engavetamento com três veículos no km 202, também em São José, interditou uma das faixas da rodovia, provocando dois quilômetros de congestionamento.
O trecho de São José da BR-101 está sob gestão privada. Em nota, a concessionária Arteris Litoral Sul afirma que os locais mencionados no levantamento têm característica comum serem de grande movimento de veículos devido à união do tráfego urbano com o rodoviário de longa distância, possibilitando maior registro de ocorrências.
Desde 2008, a concessionária afirma realizar obras e investimentos para melhoria da mobilidade e segurança do trecho, como 86 km de ruas laterais, 57 km de terceiras faixas, 35 passarelas, 15 trevos, 200 km de iluminação, quatro pontes e 35 pontes reformadas.
"Apenas entre janeiro e agosto deste ano foram realizadas 149 ações educativas de segurança, com 10.431 pessoas alcançadas em 15 municípios do trecho concedido", diz.
Em agosto do ano passado, a empresa inaugurou o contorno viário de Florianópolis contra as estatísticas de violência no trânsito e para melhorar o fluxo de veículos.
Com 50 km de extensão, o contorno foi construído para tirar caminhões e veículos pesados que trafegam em um trecho praticamente urbano da BR-101 na Grande Florianópolis.
Oito estados estão nas primeiras colocações das estatísticas da PRF.
A BR-116, rodovia Presidente Dutra, aparece três vezes na lista. Com dois trechos com alta incidência de acidentes graves na região de Guarulhos, Grande São Paulo, e outro já na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Nos dois trechos paulistas da Dutra, entre os kms 210 e 230, foi inaugurada recentemente a maior intervenção viária em 75 anos de história da rodovia federal que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Uma das justificativas para o investimento de R$ 1,4 bilhão é ajudar a diminuir o número de acidentes -entre janeiro e novembro, segundo a PRF, foram 106 sinistros graves nos quilômetros citados.
Entre outros, foram construídas 27 passarelas entre a cidade de São Paulo e Arujá, na região metropolitana.
Em nota, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), responsável por regular as estradas federais sob concessão, afirma adotar uma série de medidas para promover a segurança viária, reduzir o número de acidentes e preservar vidas. Nos contratos de concessão, são estabelecidos critérios, que incluem investimentos obrigatórios em infraestrutura e segurança.
"Isso envolve intervenções como duplicações, faixas adicionais, dispositivos em desnível, correção de traçados críticos, reforço da sinalização, instalação de iluminação, passagens de fauna, passarelas, rampas de escapes, radares de velocidade e melhorias urbanas em travessias de cidades cortadas por rodovias", diz.
Para tentar baixar o número de casos com o do casal de Santa Catarina, a PRF lançou na última terça-feira (16) o que considera sua maior ação de segurança viária em rodovias federais para o período entre este Natal e o Carnaval de 2026. As ações vão fiscalizar, principalmente, motociclistas.
Conforme dados da PRF, entre janeiro e novembro, foram 29.317 acidentes envolvendo motos nas estradas federais, contra 28.894 no mesmo período do ano passado.
A principal causa dos acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, afirma a Polícia Rodoviária Federal, foi a ausência de reação do condutor, seguida pela reação tardia ou ineficiente e pelo acesso à via sem observar a presença de outros veículos.
"São causas diretamente associadas ao comportamento dos condutores", diz a PRF.