SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O foguete Hanbit-Nano apresentou uma falha, ainda desconhecida, cerca de 30 segundos depois de decolar do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão, na noite desta segunda-feira (22). A informação consta de um comunicado desta terça-feira (23) do CEO da Innospace, Kim Soo-Jong, direcionado aos acionistas da empresa sul-coreana.

O veículo explodiu e caiu em uma zona de segurança, sem causar danos às instalações. Além disso, ninguém se feriu. Logo após a queda, a FAB (Força Aérea Brasileira) afirmou que uma equipe da instituição e integrantes do Corpo de Bombeiros do CLA foram enviados ao local para analisar os destroços e a área em que caíram.

O CEO também afirmou no comunicado que os dados do voo estão sendo analisados para que se possa entender o que houve. As conclusões desse trabalho, segundo ele, serão compartilhadas de forma transparente assim que for concluído.

Ele destacou ainda que, embora o resultado não tenha sido o esperado, é importante ressaltar a coleta de dados em um teste de voo, que podem ser valiosos para promover melhorias no lançador.

A empresa planeja fazer uma nova tentativa no primeiro semestre de 2026, ainda segundo Kim.

COMO FOI O LANÇAMENTO

O lançamento se iniciou às 22h13, e foram registradas as etapas de superação da velocidade do som (Mach 1) e o momento de máxima pressão aerodinâmica, quando a imagem foi cortada para o centro de controle e surgiu na tela a informação da anomalia. O veículo foi perdido e a transmissão foi cortada logo após a falha.

O Hanbit-Nano é um foguete de dois estágios e 21 metros de comprimento. O primeiro deles é movido por um motor híbrido, que combina parafina e oxigênio líquido ?a combinação torna suas operações mais simples. Já o segundo conta com um motor movido a metano e oxigênio líquidos. Aparentemente, não houve sequer chance de testar o segundo estágio em voo, com a falha prematura. As cargas úteis embarcadas (cinco nanossatélites brasileiros e três experimentos) também foram perdidos.

Em nota, a FAB disse que, após a saída da plataforma, o veículo iniciou sua trajetória vertical conforme previsto. "No entanto, houve uma anomalia no veículo que o fez colidir com o solo", declarou.

"Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados foram cumpridas exatamente conforme planejado, garantindo um lançamento controlado e dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial", acrescentou a instituição.

Com a falha, este lançamento se junta a outras três tentativas do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), realizadas em 1997, 1999 e 2003, que também fracassaram em atingir a órbita.

Antes, a Innospace já havia lançado, também de Alcântara, o Hanbit-TLV, um protótipo menor, de estágio único, em março de 2023. Com perfil suborbital, o voo tinha por objetivo justamente testar os sistemas que viriam a ser incorporados ao primeiro estágio do Hanbit-Nano. Naquela ocasião, o lançamento foi bem-sucedido.

ADIAMENTOS

O lançamento do Hanbit-Nano se deu na quarta tentativa. Nesta segunda-feira, a programação era de que o veículo decolasse às 15h45. Porém, em razão das chuvas na região, acabou sendo empurrado para depois das 22h, com a condição de que o tempo melhorasse.

Existia uma expectativa em torno da missão Spaceward por que ela poderia representar alguns marcos: o primeiro lançamento orbital feito do solo brasileiro, o primeiro lançamento comercial orbital feito no Brasil e o primeiro lançamento comercial feito por uma empresa sul-coreana.

A tentativa anterior, na sexta-feira (19), foi abortada após a identificação de um problema, durante o processo de carregamento de propelente, em uma válvula no tanque de metano líquido do segundo estágio do foguete.

Pouco antes, na quarta-feira (17), o motivo da desistência foi outro. Nas inspeções finais do lançamento, constatou-se uma anomalia. A Innospace disse, então, que precisaria substituir um componente na unidade de refrigeração do sistema de alimentação de oxidante do primeiro estágio.

Antes disso, a ideia inicial era ter lançado o veículo em 22 de novembro. O adiamento, segundo a FAB, visou a realização de novos testes. "A alteração na data ocorre para que sejam feitos aprimoramentos no processamento dos sinais coletados do veículo e utilizados na avaliação do seu desempenho durante o lançamento", declarou a instituição, à época.