Terça-feira, 10 de novembro de 2015, atualizada às 17h42

Deputada Margarida Salomão defende a discussão das questões de gênero nas escola

Durante audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, na manhã desta terça-feira, 10 de novembro, a deputada federal Margarida Salomão (PT) defendeu o debate das questões de gênero nas escolas públicas. O tema da discussão foi a inclusão da "ideologia de gênero e orientação sexual" entre as diretrizes da Conferência Nacional de Educação de 2014 para aplicação do Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/14).

Em sua fala, a deputada afirmou que "respeita profundamente as diferentes crenças, mas isso não me impede de fazer alguns posicionamentos com muita clareza." Segundo Margarida, "ideologia de gênero é de fato uma proposição extraordinariamente infeliz. Porque leva a supor que na escola haja qualquer outra coisa que não seja uma formação ideológica, de um perfil ou de outro. Historicamente no Brasil, o perfil é machista, racista, patriarcal, anti-feminista. Então, se há um movimento na sociedade para desconstruir esta ideologia (e com toda certeza este movimento também tem uma natureza ideológica), isso é absolutamente legítimo porque, afinal de contas, na escola o que nós temos é uma disputa de ideologias, sendo inclusive a tentativa de desconstrução da ideologia centenária que preside a escola, um movimento minoritário", defende.

Durante a sua explanação, a deputada se colocou no lugar de professora é afirmou que toda formação escolar é ideológica. "No caso da educação pública, o que se busca implementar são políticas públicas, que efetivamente não podem ter matiz partidária e temos construído isso, desde a redemocratização. A relação entre biológico, social e cultura, é de uma complexidade que não pode ser linearizada de uma forma rudimentar. Não se pode imaginar que aí, nós teremos uma determinação biológica ou uma determinação social. O corpo, até a forma que nós temos de nos comportar, é construída socialmente."

Para a deputada, a educação moderna é inteiramente comprometida com a ciência. “Ensinamos na escola que a terra se move em torno do Sol, mas há 400 anos isso foi considerado uma heresia. Em 1992, quando comemoramos os 350 anos da morte de Galileu, o Papa João Paulo II pediu perdão a ele em nome da igreja católica, por todo o sofrimento e perseguição. Eu pergunto: quanto tempo será que nós vamos demorar para pedir perdão às mulheres, aos homossexuais e aos transgêneros, simplesmente porque nós não queremos fazer aquilo que estamos endossados cientificamente a fazer?”, questionou.

Com informações da assessoria


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