Viagens para o Hemisfério Norte podem reviver vírus H1N1
Em 2009, foram registrados 30 casos confirmados e dois óbitos provenientes de Influenza A em Juiz de Fora. Pico em 2010 será em maio e junho
*Colaboração
15/12/2009
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Se no Hemisfério Sul, a incidência da Influenza A (H1N1) está amena, no Hemisfério Norte, infestação da doença é maior, já que a estação vigente é o inverno. Com o início das férias escolares e o recebimento do 13º salário, a viagem para países como Estados Unidos, Inglaterra e França possibilita o surgimento de novos casos em Juiz de Fora.
"Esperamos um novo pico da doença para maio e junho de 2010, mas as viagens de férias podem provocar novos casos da doença. O início da proliferação em Juiz de Fora foi decorrente das viagens de meio do ano. A incidência foi pequena no início, mas com o tempo, os casos foram aumentando", lembra o subsecretário de Vigilância Epidemiológica, Ivander Matos (confira no vídeo os principais cuidados que se deve tomar fora do país).
Atualmente, existem seis pessoas internadas em Juiz de Fora suspeitas do contágio pelo vírus Influenza A H1N1. O número é ínfimo se comparado com o total 1.341 casos notificados (confira o gráfico abaixo) que afligiram a cidade no período de maio até esta terça-feira, 15 de dezembro. O número total de resultados de coleta de material para diagnóstico foi 117, dos quais 30 foram positivos para a Influenza A. Em relação aos óbitos, duas mortes foram confirmadas pelo H1N1. "A situação é normal, já que, com a chegada do verão, a progressão do vírus é menor", explica.
Ele ressalta que a criação do Comitê de Enfretamento da Influenza A, em 29 de julho, se deu na volta do período escolar e retorno das férias, quando as medidas profiláticas foram as primordiais para evitar que a doença se disseminasse. "Começamos trabalhando o esclarecimento da população e a comunicação. Não existe um estudo técnico comprovando que o vírus possa ser erradicado. Para o próximo ano, a política de segurança irá seguir os mesmos preceitos da realizada em 2009: conscientização e prevenção. Vamos ter que conviver com a Gripe A como convivemos com a gripe normal."
Segundo Matos, os cuidados básicos que foram tomados neste ano, como a higienização e evitar aglomerações deverão ser mantidos. "As pessoas devem criar a cultura de biossegurança, como os bebedouros interditados e a higienização das mãos. O papel toalha e o sabonete líquido devem estar sempre presentes. O álcool gel é eficiente em momentos de crise", destaca Matos.
Tamiflu
Para 2010, o Ministério da Saúde encomendou um lote com 18 milhões de doses do antiviral Tamiflu (oseltvamivir). Outras 33 milhões que estão sendo produzidas pelo Instituto Butantã, em São Paulo. Desde o aparecimento da doença, o governo controla a distribuição do remédio, assegurando o fornecimento aos pacientes com comprovação da necessidade. Em Minas Gerais, o único local autorizado pelo Ministério da Saúde a fabricar o medicamento é a Fundação Ezequiel Dias (Funed).
"A utilização indiscriminada possibilita a mutação do vírus, se tornando resistente ao tratamento. Por isto, o Ministério da Saúde distribui o medicamento através do Sistema Único de Saúde (SUS), nos hospitais vinculados ao programa ProHosp", esclarece Matos. O subsecretário salienta que a utilização de medicamentos adquiridos pela internet ou produzidos em outros países pode trazer altos prejuízos à saúde e produzir o efeito contrário ao desejado (confira o vídeo).
Prejuízo
Mediante a ameaça da gripe, eventos públicos e particulares tiveram de ser cancelados e produtores amargaram alto prejuízo financeiro. Segundo Matos, cerca de 40 eventos tiveram de ser cancelados ou adiados, em decorrência à situação crítica do momento.
Para a assessora de comunicação de uma casa noturna e de uma famosa festa de Juiz de Fora, Thaísa Andrade, as medidas de última hora causaram transtorno para a organização e um custo fora do comum. "Embora nenhuma festa tenha sido cancelada na casa noturna, os gastos que tivemos com os 70 mil flyers, banners e divulgação na mídia da rave que seria realizada em 22 de agosto foram grandes. Tivemos que remarcar para 12 de dezembro, mas os DJs internacionais que estavam confirmados não poderam mais vir."
E como a festa abrange não apenas o público local, mas também atrai pessoas do Rio de Janeiro, o transtorno na troca dos ingressos foi imenso. "Fomos informados duas semanas antes do evento. As recomendações apontavam para o cancelamento das festas em locais fechados, e a nossa nem era. Depois falaram sobre o número de pessoas que poderia frequentar o mesmo espaço. Preferimos não discutir e adiar, até para evitar a ameaça para o público."
Ambulatório Gripe A
O ambulatório exclusivo para o tratamento de pacientes sob suspeita do contágio do vírus H1N1 foi desativado no dia 30 de novembro, oferecendo atendimento laboratorial para 174 pacientes. O estabelecimento tinha caráter temporário, apenas para suprir a alta demanda dos casos. "Hoje, todos os hospitais da cidade estão aptos para o atendimento destes pacientes, inclusive os particulares", finaliza Matos.
Cuidados na UFJF
Em decorrência da segurança dos cerca de 12 mil alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a instituição colocou 8.800 litros de álcool gel em 1.100 reservatórios, em todas as faculdades, além de 700 litros de sabonete líquido e 18 mil squeezers (garrafas de plástico) para todos os alunos. Atualmente, muitos reservatórios de álcool gel estão vazios, já que o caráter emergencial passou. Apenas o papel toalha e o sabonete líquido continuam a serem usados, conforme recomendação da Secretaria de Saúde.
*Pablo Cordeiro é estudante do 9º período de Comunicação Social da UFJF
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