Cal Coimbra Cal Coimbra 20/8/2009


A respiração nas perturbações psicossomáticas

mulher respirandoEntre as diferentes perturbações psicossomáticas, são de particular interesse aquelas que se referem à função respiratória. Já em 1997, os autores Haynal, Pasini e Archimard, tiveram o brilhantismo de escrever sobre a relação entre a respiração e as perturbações psicossomáticas. Por exemplo, a emoção faz perder o fôlego ou ficar ofegante. A angústia retém o fôlego, a surpresa o corta. A depressão arranca suspiros, enquanto que a serenidade se acompanha de uma respiração tranquila. A angústia pode se exprimir como hiperpneia com agitação, a opressão depressiva por uma hiperventilação com estridor, no pânico surge a sensação de falta de ar. Quando começamos a estudar e observar esses fenômenos, entendemos o quanto são fundamentais na leitura da expressão vocal.

Outros sintomas associados a estados afetivos podem ser rotineiramente observados: suspiros convulsivos, tosse nervosa, sensação de bolo na garganta. A falta de ar também ocorre com o medo específico e com a claustrofobia. O bocejo, embora desencadeie um estado de relaxamento, é socialmente visto como um comportamento agressivo. A própria síndrome de hiperventilação pode ser desencadeada a partir de emoções, sendo nesse caso, uma alteração funcional sem lesão anatômica.

As perturbações respiratórias quase sempre decorrem das emoções, tomando então um caráter de comunicação não-verbal. O pulmão representa o órgão que estabelece o primeiro liame entre a criança e o mundo exterior, o ar necessário à vida extra-uterina.

Vemos, portanto, que há uma integração mente e corpo, levando em conta os processos internos subjetivos. Assim, é possível entender que os distúrbios emocionais e os fatores estressantes podem manifestar-se sobre a voz, alterando o comportamento vocal da pessoa. As alterações vocais interferem nas necessidades existenciais da pessoa, sejam de natureza familiar, social ou profissional.

No caso de vozes usadas profissionalmente, há conotações particulares implícitas nas distintas profissões. No entanto, alguns conceitos básicos não devem ser relegados: voz como componente da linguagem humana, como elo de interação no processo de comunicação e como espelho do falante quando se considera sua psicodinâmica.

Se a atitude psicossomática profissional é hoje altamente recomendada na prática médica, no tratamento das doenças em geral, com maior ênfase o será na prevenção de consequências nocivas para a saúde.



Cal Coimbra
é psicóloga e doutora em Fonoaudiologia
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