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Bigode

Andréa Moreira
Repórter
11/04/2013
Idoso

O dia 11 de abril comemora-se o Dia Mundial da Doença de Parkinson. Caracterizado pela degeneração das células nervosas e da deficiência de dopamina, neurotransmissor responsável por levar informações às áreas cerebrais que comandam o movimento, a doença também conhecida com Mal de Parkinson atinge cerca de 2% da população acima de 60 anos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).




 

 



Hoje, os medicamentos fornecidos às cerca de 20 mil pessoas tratadas em instituições públicas são comprados pelos Estados por meio de licitações públicas. Com a confirmação da transferência da tecnologia para o Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fundação Oswaldo Cruz (Farmanguinhos/Fiocruz), o Ministério da Saúde centralizará a aquisição desses medicamentos, ampliando sua oferta em todo o país.



Diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais para interromper, ou pelo menos atrasar ao máximo a evolução da doença, que acomete mais de 400 mil brasileiros. Segundo pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Rochester nos Estados Unidos, o maior impacto da doença de Parkinson se dá justamente nos países em desenvolvimento, nos quais a estimativa é que a incidência de Parkinson duplique nos próximos 25 anos.

Nesses países (onde se inclui o Brasil), a enfermidade não tem sido percebida como um problema de saúde pública. Consequentemente, faltam políticas públicas de saúde voltadas para esse nicho da população, que contemplem não apenas o diagnóstico e o tratamento, mas também os custos agregados ao tratamento e até a assistência psicológica ao portador de Parkinson e seus familiares.

“Por isso é importante divulgar o máximo de informações sobre o assunto. Quanto antes o paciente procura o médico, mais rápido o diagnóstico é feito e mais rápido ele se beneficia do tratamento específico para a doença. Essa medida tem um impacto grande na qualidade de vida do paciente”, alerta o Dr. Egberto Reis Barbosa, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

Para o especialista, é urgente a revisão das políticas públicas de saúde para o tema no país. Prova disso é o índice que utiliza o DALY (Disability Adjusted Life Year – Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade), construído a partir da mortalidade estimada para cada doença e seu efeito incapacitante. Este índice mensura em anos o impacto de doenças crônicas como a de Parkinson, demonstrando todos os efeitos devastadores da doença de Parkinson a longo prazo no cotidiano dos portadores.

A Doença de Parkinson

Logo após o Alzheimer no rol de enfermidades neurodegenerativas mais comuns, a doença de Parkinson está relacionada à degeneração de várias células nervosas, em especial do sistema dopaminérgico, situado na substância negra do sistema nervoso central (SNC). A dopamina é o principal neurotransmissor dos gânglios basais, responsável, portanto, por levar informações às áreas cerebrais que comandam o movimento. Com a deficiência de dopamina, surgem falhas nos mecanismos de controle motor da pessoa, levando a sintomas como tremor em repouso; rigidez; bradicinesia (lentidão dos movimentos); alterações no equilíbrio, na voz e na escrita; disfunções no sistema digestivo e urinário, uma vez que a mastigação fica comprometida. Os pacientes também apresentam dificuldade para controlar o esfíncter da bexiga e outros sintomas associados, como depressão, alterações do sono, diminuição da memória e distúrbios do sistema nervoso autônomo.

Mais de 80% das pessoas com a Doença de Parkinson sofrem com depressão e, em mais de 30% dos casos, associada a sintomas motores.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico desta patologia não é tão simples. Sem causa específica, ele é feto clinicamente, por exclusão de outras doenças.

“Na prática médica, é possível encontrar pacientes que têm sintomas da doença de Parkinson, mas que na realidade têm outras doenças. Geralmente, o paciente vem ao consultório do médico com tremor, rigidez e lentidão. É imprescindível descobrir quais medicamentos o paciente tem utilizado e se houve um episódio em seu histórico que poderia desencadear essa disfunção. Depois, quando necessário, por meio de exames tais como tomografia computadorizada, ressonância magnética, etc. é que descartamos tumores ou acidente vascular cerebral”, explica Dr. Egberto.

Há diversas classes de fármacos que podem levar a um quadro clínico semelhante ao da Doença de Parkinson, como os que são prescritos para o tratamento de doenças psiquiátricas. Só excluindo estes fatores de confusão é possível chegar ao diagnóstico preciso da doença de Parkinson.

Outro fator de risco é a própria idade: quanto mais velhos ficamos, maior a chance de manifestar a doença, já que no próprio processo de envelhecimento há uma queda progressiva nas funções orgânicas, representada também pela diminuição do número de neurônios.

Quanto à prevenção, há indícios de que pessoas que praticam atividade física regular, que utilizaram anti-inflamatórios não hormonais, que têm níveis de ácido úrico elevados e o hábito de tomar café também são menos suscetíveis a apresentar a doença.

Confirmado o diagnóstico, de acordo com o Dr. Henrique Ballalai Ferraz, médico neurologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o tratamento é iniciado com medicamentos. Conforme a doença evolui, é necessário ajustar as doses e, muitas vezes, combinar mais de um medicamento para os sintomas da doença.

“Existe tratamento cirúrgico para os sintomas de Parkinson, mas não está indicado a todos os casos. A cirurgia, por ser um procedimento invasivo, é reservada para aqueles pacientes que estão recebendo os medicamentos de uma forma otimizada mas que ainda têm limitações consideráveis no seu dia a dia”, avalia.

O tratamento medicamentoso tem ainda outra vantagem: é oferecido gratuitamente à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“De modo geral, os pacientes têm sido bem assistidos. O que é mais deficiente no Brasil é o acesso aos especialistas pelo SUS. Mas, feito o diagnóstico e instituído o tratamento indicado pelo neurologista, os medicamentos podem ser obtidos, apesar da burocracia envolvida nesse processo”.

 

Academia Brasileira de Neurologia

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