R?porter: Fernanda Leonel
Edi??o: Ludmila Gusman
Designer: L?via Mattos
Janeiro/2006

Com a chegada do ver?o e a possibilidade de deixar o corpo mais ? mostra, os est?dios de tatuagens de Juiz de Fora aumentam, significativamente, o movimento. Muitos profissionais da cidade acreditam que o n?mero de clientes chega a dobrar nessa ?poca do ano.

Vaidade, determina??o, necessidade da diferen?a, arte ou modismo. Muitos nomes que explicam o motivo particular que leva uma pessoa a aderir ? causa dos corpos pintados. Muitos come?am t?midos, com tatuagens menores, muitas vezes pensadas e repensadas. Outros, j? decididos e, na maioria das vezes, admiradores da arte, encaram enormes drag?es ou tribais como sin?nimo de atitude.

Mas, independente da maneira que se comece, o que os tatuadores dizem ? que a maioria das pessoas n?o quer parar. Salvo exce?es, h? quem espere ou pense seriamente no bis. Para os tatuados que encontraram na arte uma diferencia??o, ter o corpo renovado ? praticamente uma necessidade.

Esse ? o caso de F?bio Coelho (foto), que acaba de fazer a sua primeira tatuagem h? um m?s. Ele afirma que tatuar o corpo sempre foi uma vontade, mas que, at? ent?o, ele ainda n?o tinha condi?es financeiras de bancar o sonho.

Realizado o desenho, um drag?o que ocupa toda a parte inferior da perna (foto abaixo), ele j? planeja o pr?ximo passo. "Assim que puder, venho fazer a segunda", afirma.

Se F?bio seguir ? risca as tradi?es da cultura milenar da tatuagem, n?o vai parar na de n?mero dois. De acordo com a tradi??o, ? preciso possuir um n?mero ?mpar de tatuagens no corpo para n?o atrair "mau agouros" na vida. N?meros pares n?o s?o bem vistos aos olhos do conhecimento do Antigo Egito.

No ver?o, tamb?m aumenta a procura pelos retoques de tinta nas tatuagens, j? que o tempo tende a tirar um pouco do brilho da marca.

A t?cnica do Cover-up, que possibilita cobrir tatuagens antigas ou reutiliz?-las em um novo desenho, tamb?m ? respons?vel pelo aumento de fatura dos tatuadores no ver?o.

O pre?o das tatuagens variam de acordo com o tamanho, quantidade de detalhes e, at? mesmo, relacionada ? cor da pele da pessoa que vai fazer, no caso de tatuagens que levam tinta colorida. Apesar de n?o possu?rem valor exato, em Juiz de Fora, elas o custo m?dio ? de R$ 50 at? R$ 3.500.

Para todos!
Se engana quem pensa que s?o os jovens os maiores freq?entadores de uma oficina de tatuagem. Carlos Fernandes (foto), que trabalha no ramo em Juiz de Fora h? 25 anos, afirma que n?o h? determina??o de idade, sexo ou cren?a para classifica??o do tipo de pessoa que mais procura por esse servi?o.

Para o tatuador, pensa em classifica??o de idade quem v? a tatuagem como um modismo ou acess?rio da vaidade. Ele acredita que a maioria das pessoas faz uma tatuagem porque visualizam a pintura do corpo como uma atitude, express?o ou arte. "Dessa forma, n?o h? porque ter idade limite para se manifestar", completa Carlos. Ele afirma que tem clientes de todas as idades, gostos e classes sociais.

O que h? de concreto na quest?o da idade x tatuagem no corpo ? a precocidade com que os jovens da gera??o p?s 90 t?m procurado os est?dios da cidade. Cada dia mais, adolescentes de 14 ou 15 anos t?m o aval dos pais para transformar o corpo em formas de express?o. Tem o aval dos pais, porque antes que eles completem os 18 anos, ? preciso que o tatuador tenha a declara??o dos respons?veis para realizar o servi?o.

Outra caracter?stica apontada por Carlos Fernandes ? a ades?o cada vez maior das mulheres ?s tatuagens. Ele diz que de aproximadamente cinco anos para c?, elas s?o as suas maiores clientes.

As mulheres ainda optam por desenhos menores, mais delicados, como ? o caso de Priscilla Sobrinho. Ela tatuou tr?s cora?es (foto) na nuca e n?o se arrepende da decis?o.

Dividindo o podium dos mais procurados com os cora?es, est?o as estrelas. Elas s?o, segundo o Fernandes, figuras cativas entre as mulheres, pricipalmente depois da minis?rie "Presen?a de Anita", exibida em 2001.

O caso das estrelas da personagem Anita exemplifica o que o tatuador juizforano chama de influ?ncia da m?dia na sua profiss?o. Ele destaca que durante todos os seus 25 anos de profiss?o, existiu algum personagem ou m?sica que aumentaram a procura por determinado tipo de desenho para tatuagem.

Tatuagens em Juiz de Fora
Apesar da t?cnica de desenhar no corpo ser milenar, ela ganhou for?a no Brasil por volta da d?cada de 80. De acordo com Carlos Fernades, Juiz de Fora sempre acompanhou rapidamente todas as tend?ncias e tamb?m se adaptou a tatuagem logo no in?cio dos anos 80.

O seu primeiro est?dio, foi montado na cidade em 1981. Nessa ?poca, ele, assim como outros tatuadores no Brasil, ainda trabalhavam com agulhas de costurar roupa e nanquim.

Fernandes afirma que o preconceito na cidade era muito grande com as pessoas que possu?am uma tatuagem. "As pessoas eram visadas mesmo. Quando a gente chegava em um bar, por exemplo, todo mundo olhava pra gente. E eu, adorava isso", brinca o tatuador.

Analisando a situa??o na cidade hoje, o o profissional afirma que o preconceito melhorou e muito. Ele diz que recebe no seu est?dio empres?rios, estudantes, policiais; gente de todas as classes e idades.

E na defesa da arte que est? sempre em alta em todo ver?o, Carlos Fernandes resume:"Acho que dizer que o preconceito acabou ? mentira. A sociedade ainda tem dessas coisas. Mas quem faz uma tatuagem tamb?m n?o se importa com isso, est? acima desse tipo de coisa. Quem faz tatuagem tem atitude".