O adolescente e a família
É tudo muito novo para o adolescente, mas para os pais também. Os pais vão lidar com a adolescência do filho conforme foi a sua. Se foi difícil, será missão quase impossível ter tranquilidade com seu filho adolescente.
Enfim, é um processo em cadeia. Como cessá-lo?
Antigamente as experiências também eram em cadeia, mas atualmente os neurocientistas e pesquisadores afins já estão encontrando explicações em nível biopsicossocial.
Vou citar alguns sentimentos que normalmente incomodam a família do adolescente.
Começa pelo desprendimento do adolescente das referências familiares rumo à autonomia. Neste momento a família se sente rejeitada, abandonada mesmo. É muito difícil encontrar pais que encarem este desprendimento com naturalidade. E neste momento ele buscará identificações coletivas, pois sentirá um "desamparo subjetivo".
E nesta busca do novo se sentirá diferente dos iguais, pois será visto como um estranho e muitas vezes como egoísta e traidor familiar, quando deveria ser visto pela família dentro de um processo normal de desprendimento e de crise de identidade.
Outra crise enfrentada pela família é quando o adolescente não aceita contato físico de seus familiares como aceitava antes. Muitos pais sofrem muito sentindo-se também rejeitados e traídos. Estes pais precisam entender que eles, na sua busca de identidade, saem da magia familiar e vão em busca de uma espécie de unificação inconsciente, através da intimidade amorosa. E nem por isso estão deixando de amar sua família.
Os pais devem sim ficar atentos quanto ao aspecto patológico deste processo quando percebe seu filho escravizado às compulsões. Neste momento é preciso estar próximo e atento. Nunca irado e chantagista, mas dono da situação e muito firme. Os pais que se deixam ser manipulados estão indo contra as necessidades deste jovem que necessita do porto seguro para ancorá-lo, parece contraditório mas é o sentimento de menosvalia.
Por falar em menosvalia, é muito interessante o quanto o adolescente briga quando a família coloca limites, mas no fundo ele gosta e valoriza.
As famílias se perguntam até que ponto colocar limites e aí encerramos dizendo que este limite será colocado de acordo com a maturidade da família.
Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar
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