Autistas e familiares buscam maior reconhecimento

Dia Mundial do Autismo é celebrado neste 2 de abril. Estande foi montado na Rua Halfeld para conscientizar a população sobre o que é o autismo e qual o tratamento

Raphael Placido
Repórter
2/04/2013
autismo

Praticamente todo mundo já ouviu falar em autismo, mas, ainda hoje, pouca gente sabe bem o que é o transtorno. Com exceção de quem tem casos na família ou pessoas que trabalham na área de educação, é raro encontrar alguém que saiba definir corretamente o autismo. Basicamente um transtorno global de desenvolvimento, que atinge a área da comunicação, do comportamento e da interação social, o autismo passou a fazer parte da literatura médica apenas na década de 40 do século XX. Cercado de mitos e estereótipos, o transtorno atinge cerca de um milhão de brasileiros.

Os sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida da criança, e sempre antes dos três anos de idade. É mais comum em meninos do que em meninas, não tem cura, e suas causas ainda são indeterminadas. A criança diagnosticada como autista não consegue desenvolver relações sociais normais e se comporta de modo compulsivo e ritualista.

Para esclarecer melhor a população sobre o autismo, a Associação de Pais e Amigos de Crianças Autistas de Juiz de Fora aproveitou este 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, montou um estande na rua Halfeld, explicando o que é e qual o tratamento.

Fabíola Gonçalves Torres tem dois filhos autistas e é presidente da Associação. Ela conta que o desconhecimento ainda é o principal problema enfrentado pelos pais e portadores. "99% da população não sabe o que é. Muitos pais não aceitam. Eu tenho dois filhos autistas, e no início foi muito complicado. O autismo tem graus, e cada pessoa manifesta de forma diferente os variados sintomas. O Messi, por exemplo, é autista. E é o melhor jogador de futebol do mundo. Muitos autistas são inteligentíssimos. Na associação, buscamos conscientizar e trocar experiências", explica.

A falta de informações faz que com que a maioria dos pais busque conhecer o autismo por conta própria. Ariene Pereira Menezes conta que seu filho tem 3 anos de idade e que, com 1 aninho, já começou a apresentar comportamentos incomuns. "Eu comecei a perceber que ele fazia coisas diferentes. Não mandava beijos nem tchau, abria e fechava portas constantemente e ficava por um bom tempo girando as rodas dos carrinhos. Pesquisei esses comportamentos na internet, e sempre caía em sites, artigos e reportagens ligadas ao autismo. Hoje, ele faz tratamento no Instituto Jesus, e já consegue expressar afeição, embora ainda tenha problemas de convivência com outras crianças", conta. Ela lamenta que, na rede pública municipal, haja atualmente apenas um neuropediatra para atender um grande número de crianças.

Associação quer recolher assinaturas e construir centro de reabilitação

Em dezembro do ano passado, foi sancionada uma lei que equipara às pessoas com autismo os mesmos benefícios daquelas com deficiência. O objetivo das associações ligadas ao autismo é conseguir, em breve, a mesma inclusão e divulgação que tiveram, na última década, os portadores da Síndrome de Down.

Fabíola Torres conta que, além da conscientização, a associação pretende recolher assinaturas e levar à Prefeitura a possibilidade de se construir um centro de reabilitação voltado aos autistas. Ainda com dificuldade de encontrar apoio em todo o país, os familiares das crianças com autismo vêm batalhando por mais escolas especializadas. Uma grande preocupação é evitar que as crianças diagnosticadas hoje em dia com o transtorno tenham o mesmo destino de adultos de décadas atrás. "Muitos foram até internados em hospitais psiquiátricos. A pessoa nunca se desenvolveu e viveu com atraso por toda a vida. Por isso é tão importante diagnosticar cedo. Se seu filho der algum sinal, comece a procurar ajuda e tratamento o quanto antes, e é provável que ele leve uma vida praticamente normal", alerta.

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