Instituições oferecem tratamento a quem quer abandonar o vício em cigarroDados apontam que 51,3% dos pacientes juiz-foranos que participaram de tratamentos no ano de 2010 pararam, efetivamente, de fumar

Aline Furtado
Repórter
5/12/2011
Foto de pessoa fumando

Abandonar o hábito de fumar, que acompanha algumas pessoas por muitos anos, costuma ser difícil, requerendo mudanças comportamentais. Tendo esta necessidade como foco, instituições de Juiz de Fora oferecem apoio, tratamento e acompanhamento a pacientes que pretendem deixar de fumar.

A abordagem dos programas tem caráter cognitivo-comportamental. A parte comportamental busca estimular, nos indivíduos, mudanças no comportamento, incluindo abandono de hábitos relacionados, como fumar falando ao telefone, fumar ingerindo bebidas alcóolicas, fumar após refeições, além de associar o tabaco à ingestão de café.

A abordagem cognitiva trabalha uma nova forma de ver a vida. "Reforçamos e conscientizamos os pacientes a respeito dos malefícios do cigarro", explica a assistente social Ana Lúcia Vargas, que faz parte do Programa de Prevenção e Controle de Tabagismo do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O programa atende, por ano, cerca de 120 pacientes, distribuídos em quatro grupos iniciados a cada três meses.

O acesso aos grupos é aberto a pacientes que moram a região do entorno das unidades do HU, localizadas nos bairros Santa Catarina e Dom Bosco. Além disso, são atendidos pacientes que fazem parte de áreas descobertas por serviços de prevenção e controle ao tabagismo. Os pacientes interessados em participar dos grupos do HU devem realizar inscrição. "A previsão é de abrir a próxima lista de inscritos na segunda quinzena do mês de janeiro, com início das atividades do grupo em fevereiro."

O primeiro passo, no caso do HU, é a realização de uma reunião de informação, quando os pacientes são orientados a respeito do tratamento, das datas e horários. Em seguida, o paciente passa por uma anamnese individual, sendo atendido por médicos, nutricionista, psicólogo e assistente social. Na terceira semana após o início das atividades, são iniciadas as reuniões em grupo. "O programa prevê quatro reuniões mensais, duas quinzenais, passando, então, a serem realizadas a cada mês até completar um ano."

Ana Lúcia destaca que 60% das pessoas que passam pelo programa abandonam o vício depois do tratamento. "O paciente só é considerado ex-fumante de seis a um ano após ter alta." O tratamento pode incluir terapia, além do uso de medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como antidepressivo, adesivo de nicotina e pastilhas. Quem quiser obter mais informações, o telefone para contato é (32) 4009-5364.

Uaps

Além do HU, o tratamento a pacientes viciados em cigarro pode ser acessado em âmbito municipal, nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps), por meio do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Atualmente, entre 26 e 28 unidades oferecem apoio. "O ideal seria se todas as unidades oferecessem equipe para esse tipo de tratamento. Contudo, embora realizemos, anualmente, treinamentos com profissionais de todas as Uaps, alguns são remanejados, deixando a unidade descoberta dessa assistência", explica a coordenadora do Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt), Débora Cristina Corrêa.

Nas unidades, o paciente é atendido por um médico e outro profissional da área de saúde, tendo acesso, à abordagem cognitivo-comportamental, sem prescrição de medicamentos. São oferecidas 15 vagas por Uaps. Os grupos passam por reuniões semanais por um período de um mês, com mais três de acompanhamento. "São desenvolvidos entre cinco e seis grupos a cada ano em cada unidade de saúde."

51,3% deixaram o vício

Dados do Secoptt apontam que 51,3% dos pacientes que participaram do tratamento no ano de 2010 pararam, efetivamente, de fumar na cidade. No ano passado, foram atendidos 721 pacientes. Do total, 370 abandonaram o vício. Uma das Uaps com maior índice de abandono do cigarro é a Uaps Nossa Senhora das Graças, com 75%, enquanto o índice preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 60%.

Prevenção

De acordo com Débora, uma das formas mais eficazes de conter o crescimento do cigarro é trabalhar a prevenção. "Uma das formas é a realização de palestras educativas em empresas." Além disso, Juiz de Fora conta, desde setembro de 2009, com a Lei 11.813, que proíbe o fumo em recintos coletivos do município, como bares, restaurantes, churrascarias, hotéis, supermercados e estabelecimentos afins. "Temos aqui o que chamamos de ambientes livres de cigarro."

Santa Casa

A Santa Casa de Misericórdia também oferece apoio e tratamento a quem deseja parar de fumar. Por meio do Programa de Prevenção de Tratamento do Tabagismo intitulado Santa Casa sem Tabaco, são realizadas, há cerca de sete anos, campanhas educativas.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken

Através do programa “Santa Casa Sem Tabaco”, com apoio do programa Vida  Saudável Plasc, o Hospital realiza campanhas educativas para prevenção e tratamento do tabagismo há sete anos.