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Imperman?ncia na vida
::: 01/08/2005

Em nossas palestras, semin?rios e treinamentos citamos e recomendamos com freq??ncia o filme O Pequeno Buda, de Bernardo Bertolucci, em que ? demonstrado, de maneira bastante po?tica, um princ?pio do Budismo: o da imperman?ncia.

Faz parte do treinamento dos monges budistas desenhar com areia colorida, construindo delicadas e complexas mandalas no ch?o. E eles dedicam a esta paciente arte, passam muito tempo nela, para depois, num gesto firme e decidido, destru?-las com a m?o.

Analisando precipitadamente muitos de n?s podemos expressar: "Que desperd?cio de tempo!". Mas o fato ? que existe uma sabedoria atr?s desse gesto. Eles o fazem propositalmente para lembrar que na vida nada ? permanente.

Aprecio muito essa compara??o. Ela nos faz um convite a n?o dependermos de coisas ou estados emocionais para sermos felizes.

Somos seres muito especiais, ?nicos, com uma incr?vel capacidade de amar, de perdoar, de crescer, de evoluir, de aperfei?oar-nos. Somos filhos de Deus, somos herdeiros do universo, somos viajantes na dire??o do infinito e da perfei??o.

Mas na verdade, a ?nica coisa que realmente temos ? o momento presente, com seus in?meros convites ao crescimento pessoal e m?ltiplas op?es de a??o, ou n?o-a??o. ? claro que as coisas que fazem parte da nossa vida s?o importantes e queridas, mas uma dose de desapego tamb?m pode trazer-nos um enorme benef?cio.

Somos herdeiros do ontem e semeadores do amanh?. Estamos escrevendo nossa pr?pria hist?ria, o livro de nossas vidas.

Podemos mexer em nossa vida, s? n?o podemos mexer em dois dias, o ontem e o amanh?. Ontem ? passado, n?o existe mais, amanh? ? futuro que ainda n?o chegou e quando chegar e voc? abrir os olhos, ser? chamado de hoje, n?o ? mais amanh?.

Nossa mente, na fase atual de nossa exist?ncia, de nossa evolu??o, est? contaminada pelos chamados venenos da mente, que s?o divididos em tr?s categorias principais:

  • A primeira ? o apego ou desejo que inclui o ficar preso f?sica ou mentalmente a pessoas, objetos e fen?menos.
  • A segunda ? a raiva que significa rejeitar, n?o querer, afastar algo de voc?.
  • A terceira ? a ignor?ncia que significa n?o ter uma no??o clara da vida, n?o compreender a natureza verdadeira das coisas.

    Cada um destes venenos age de maneira interdependente. Ocorre que, quando n?o temos uma vis?o real da vida, acabamos criando desejos e apegos. E quando n?o conseguimos o que queremos, criamos avers?o e ficamos com raiva.

    Os venenos da mente agem como toxinas, criando energias mentais negativas. Estas energias s?o expressas em nossas a?es, palavras e nossos pensamentos, causando um sofrimento c?clico, em cadeia, que se repete infinitamente, at? que venhamos a quebrar esta situa??o, mudando a dire??o de nossa mente, de nossos passos.

    Visando este objetivo, precisamos tomar consci?ncia da realidade da imperman?ncia em nossa vida presente. Para isto, existem in?meros exemplos. Vamos usar um muito comum no Oriente.

    Encare sua vida como se fosse um banco no parque, em uma tarde de clima ameno. Voc? vai at? l? passar algumas horas, sentado, aproveitando tudo ao m?ximo: a brisa fresca, os p?ssaros cantando, as borboletas, o sol batendo no rosto. Tudo aquilo dura pouco tempo e vai chegar ao fim. Por isso, voc? deve aproveitar o momento e criar boas condi?es, criar m?ritos.

    Voc? n?o se deve apegar ao banco. N?o tente colocar uma etiqueta nele com o seu nome, querendo mant?-lo para voc?! Isso vai impedi-lo de sentir o prazer e a liberdade de estar l?, simplesmente sentado. E se algu?m se sentar com voc?, seja gentil, tratando-a com amor e compaix?o. N?o brigue com esta pessoa. Seu tempo ? muito curto. Voc?s est?o ali apenas de passagem.

    Ao lembrarmos de que tudo na vida ? impermanente e chega ao fim, podemos ser generosos com ela, sabendo que provavelmente ela nunca pensa no fato de que ter de deixar o banco em breve, assim como voc?. Todos n?s queremos manter as coisas e n?o o conseguimos. Temos de ter compaix?o por elas e por n?s mesmos. Compreender a imperman?ncia faz-nos ricos: temos tudo neste momento e podemos ser generosos, abertos, decididos a fazer o que pudermos para beneficiar a todos com o nosso amor, sem medo de perder.

    Sempre que ministramos e compartilhamos treinamentos de imperman?ncia, medita??o, controle da respira??o e temas ligados ao auto-equil?brio, surgem perguntas relativas ao karma.

    "O karma ? algo criado por n?s E tudo o que ? criado pode ser alterado"

    Explicamos ent?o que karma ? uma lei do Hindu?smo a qual defende que qualquer ato, por mais insignificante, voltar? ao indiv?duo com igual impacto. Bom ser? devolvido com bom; mau com mau. Como os Hindus acreditam na reencarna??o, o karma n?o conhece limites de vida/morte. Se o bem e o mal caem sobre si, se as pessoas se comportam de determinado modo consigo mesmas, isso se deve ao que fizeram nesta ou numa vida passada.

    Acrescentamos ainda que, como somos senhores de nosso destino, ?-nos plenamente poss?vel modificar nosso karma, dependendo do nosso comportamento para o caminho do bem ou para outras dire?es. O karma ? purific?vel atrav?s da educa??o e da medita??o. O karma ? algo criado por n?s, e tudo o que ? criado pode ser alterado. S? o que est? al?m da cria??o - como a natureza absoluta da nossa mente - n?o pode ser alterado.

    Perceber que nossa vida ? impermanente ? um grande tesouro, reconhecer que n?o ir? durar para sempre neste corpo, neste estado em que estamos.

    Entender a imperman?ncia ? crucial para a maturidade espiritual.

    Ao contemplar a imperman?ncia, olhe para a sua vida.

  • De onde voc? veio?
  • Onde voc? nasceu?
  • Voc? ainda vive l??
  • Quem s?o as pessoas com quem voc? viveu?
  • Voc? ainda vive com elas?
  • Em que casa voc? viveu?
  • O que vem acontecendo ao seu pr?prio corpo?
  • As coisas est?o diferentes agora. Tudo atrav?s da sua vida ? impermanente. Quando voc? come?a a explorar a natureza da imperman?ncia, voc? pode ficar deprimido, sentir-se desconfort?vel. Voc? pode at? pensar "Ah, ? tudo in?til! Tudo o que eu tenho, tudo o que criei, ? impermanente. O tanto quanto amo meus filhos, minha rela??o amorosa ? impermanente!".

    Mas se, por outro lado, voc? vier a entender verdadeiramente a imperman?ncia, voc? entender? o valor de cada momento. Ent?o voc? dir?: "Sim, minha vida ? impermanente mas, enquanto eu a tenho, irei aproveit?-la. Enquanto eu puder ver o rosto de meu filho, irei apreci?-lo. Enquanto tiver meu lar, irei apreci?-lo. Essas coisas s?o apenas tempor?rias, ent?o, enquanto as tenho, irei aproveit?-las, construindo minha paz e a de tantos quanto eu possa beneficiar".

    Assim, poderemos enriquecer nossa vida presente, tomar consci?ncia de que este momento, este exato momento que estamos aqui vivendo ? o mais importante de nossa vida. Aqui e agora podemos modificar h?bitos para melhor: Ao inv?s de dizermos:

  • "Eu te odeio"! Trocarmos para: - "Eu te amo"!
  • "Eu tenho rancor"! Trocarmos para: - "Eu tenho amor"!
  • "Eu invejo"! Trocarmos para: - "Eu admiro e respeito"!
  • "Eu vou deixar para amanh?"! Trocarmos para: - "Eu fa?o agora"!
  • Procedendo assim, com pequenas mudan?as estaremos promovendo nossa regenera??o, promovendo em n?s um estado de flexibilidade, cultivando flexibilidade, construindo um mundo melhor.

    Estaremos agindo e vivendo os conceitos mais nobres, sejam do Oriente como do Ocidente.

    Dois anos de participa??o no site ACESSA.com
    Este ? o nosso 24? artigo, completando assim dois anos de participa??o no Acessa. Dedicamos os m?ritos dessa tarefa ? nossa querida esposa K?tia Falconi que, no dia 11 de agosto pp., pelas asas da imperman?ncia, viajou para outro plano da vida.

    Com sinceros votos de muita paz a tudo e a todos, ficamos ? disposi??o para responder e esclarecer pontos relacionados a esse tema. Aguardo seu e-mail. Encerramos com sauda?es hol?sticas!


    Armando Falconi Filho
    ? terapeuta hol?stico, consultor e advogado
    Saiba mais clicando aqui.

    Sobre quais temas (da ?rea de terapia hol?stica) voc? quer ler nesta se??o? O terapeuta Armando Falconi aguarda suas sugest?es no e-mail viver_serholistico@acessa.com