Turismo de Base Comunitária (TBC)
A atividade turística, como fenômeno atual do capitalismo, acaba obedecendo este modelo de desenvolvimento excludente, reproduzindo as contradições do sistema econômico vigente, reafirmando a lógica do capital, se apropriando dos espaços e recursos naturais e culturais neles contidos, transformando-os em atrativos, ou seja, em produto.
Quando este modelo de desenvolvimento sócio econômico passou a apresentar sinais de inconsistência em função da sua lógica de exploração, houve a evolução e o crescimento do Turismo de Base Comunitária (TBC). Passa a existir a ideia de um desenvolvimento integrado, como sinônimo de processo que engloba todos os aspectos da vida de uma coletividade. Fatores como a redução da pobreza, a satisfação das necessidades básicas, a melhoria da qualidade de vida da população, o resgate da equidade e um governo que garanta a participação social nas decisões, são condições essenciais para a consolidação do desenvolvimento local.
O turismo de base comunitária favorece a coesão e o laço social e o sentido coletivo de vida em sociedade, promovendo a qualidade de vida, o sentido de inclusão, a valorização da cultura local e o sentimento de pertencimento. É reconhecido também como oportunidade de desenvolver novos meios para geração de renda, desde que todos os membros da comunidade participem no processo de desenvolvimento da atividade turística e de tomada de decisões nas relações comunitárias, preservando os valores culturais, ambientais e superando suas limitações. Este tipo de turismo representa a interpretação "local" do turismo, de acordo com as demandas do grupo social do destino, sem se submeter às imposições da globalização.
O turismo comunitário valoriza o patrimônio local, mobilizando recursos próprios. Os visitantes estão em busca de conhecer a cultura, o modo de vida do local. Podemos dizer que isso é uma característica específica do turismo comunitário, essa dimensão humana e cultural, que incentiva o diálogo e encontros interculturais de qualidade com os visitantes. A valorização da cultura local é importante não só por esta ser configurada como produto, mas com objetivo de afirmação de identidades e pertencimento dos moradores locais.
Os membros da comunidade devem estar preparados para gerir o turismo, baseando-se na autogestão sustentável dos recursos, de acordo com as práticas de cooperação e equidade no trabalho. Atores externos geralmente funcionam como indutores do turismo de base comunitária, no entanto, se não existir motivação endógena, e se a atividade não estiver de acordo com os interesses dos grupos sociais locais, não haverá atendido aos preceitos de desenvolvimento local e nem contribuirá com a comunidade. Estes devem ter poder de influência sobre os processos de decisão, tornando-se agentes do processo de construção da realidade e da dinâmica de desenvolvimento. Isto requer a capacitação da população, sendo necessário que os indivíduos estejam preparados e maduros, visto que precisarão de habilidades para atuar em grupo e serão independentes, já que deverão aderir o associativismo através de cooperativas e organizações comunitárias.
Percebemos que para o desenvolvimento do turismo comunitário são sugeridas parcerias entre os setores público e privado, porque o turismo comunitário não exclui a importância de apoio e recursos, principalmente para suprir as necessidades básicas dos moradores locais. A comunidade deve estar consciente, para buscar a organização e o apoio para usufruir do turismo, de forma participativa, aproveitando ao máximo as oportunidades geradas. Os benefícios que são gerados com a atividade turística devem ser distribuídos de maneira igualitária para a comunidade, através de investimentos em projetos de caráter social ou de produção.
Um caso de sucesso deste tipo de turismo no Brasil é o da Prainha do Canto Verde, que fica localizada no município de Beberibe e situada a 126 km de Fortaleza, no litoral leste do Ceará. Essa comunidade sempre teve um grande potencial turístico, pelos recursos naturais e a beleza natural. Houve um crescimento econômico na região, o que consequentemente causou uma ocupação desordenada, o prejuízo às comunidades pesqueiras, pois foram expropriadas de suas terras e tiveram seu espaço descaracterizado pela construção de empreendimentos turísticos. Os pescadores da Prainha do Canto Verde se uniram e se organizaram, fazendo uma história de resistência e luta. Enfrentaram os desafios e conseguiram pôr em prática o processo de integração, no qual os moradores tem participação efetiva na concepção do turismo, seu desenvolvimento, implantação e gestão, fazendo uma verdadeira integração entre turismo e as atividades tradicionais, como a pesca, a agricultura e o artesanato. Saiba mais clicando aqui.
Priscila Nader é formada em turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora, tem experiência na área da aviação, trabalha atualmente com assessoria de vistos consulares. É uma amante da natureza e dos animais, e é apaixonada por viajar
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