Tempo precioso


Por causa da greve, alunos da UFJF aproveitam o momento para descansar, trabalhar e at? estudar

Andr?ia Barros
Rep?rter
25/10/05

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F?rias for?adas nem sempre s?o animadoras. Para os estudantes da UFJF, em greve desde setembro deste ano, s?o tempos de incerteza e ansiedade sobre o que fazer com o tempo 'de sobra'. Sem aulas e, muitas vezes, sem ?nimo, muitos n?o conseguem transformar esses momentos em algo ?til e produtivo. Mas usando a criatividade, d? para aproveitar o tempo precioso, sem dar vez ao ?cio. Foi o que fez a estudante do s?timo per?odo da faculdade de Farm?cia e Bioqu?mica, Liliane de Souza, 21 anos (foto ao lado). ?Primeiro resolvi entrar de f?rias. Fui para Ub? visitar meus parentes e para Merc?s, na casa de uma amiga. Depois de descansar, comecei a estudar para colocar a mat?ria em dia?, conta.

Estudar em 'marcha lenta' ajudou Liliane a ficar preparada para uma volta repentina ?s aulas e a ter tempo para aumentar a renda no or?amento. ?Minha sogra me ensinou a bordar, e tive a oportunidade de ganhar dinheiro bordando e vendendo bolsas?, conta a estudante. Al?m disso, Lliane agora participa de um curso para aprimorar seu conhecimento, realizado na pr?pria UFJF. ?Veio uma profesora da UFMG dar o curso de 'Aten??o farmac?utica' e aproveitei para participar. Acho que todo mundo poderia fazer isso porque a gente n?o pode pensar em estudar somente para as provas, mas para se tornar um bom profissional?, acrescenta.

Trabalho volunt?rio

A estudante de Administra??o, L?gia Regina Saque, 20 anos, (foto a lado) descarregou todas as energias no trabalho volunt?rio que realiza na Campe, empresa junior da Faculdade. Pouco antes da greve come?ar, ela ingressou no programa de sele??o de trainees e hoje atua no Departamento de Gest?o de Pessoas. ?Na verdade, eu n?o me planejei para essa greve, as coisas foram acontecendo. Hoje eu fico mais tempo na empresa e aproveito para criar mais. L?, tenho trabalhado com pesquisa interna?, diz L?gia que, com a equipe, estrutura avalia?es de desempenho e analisa o clima organizacinal atrav?s de consultorias para outras empresas.

Neste caso, trabalhar voluntariamente, para L?gia, ? mais do que um aprendizado. ?Acho que essa ? a maior recompensa. Administra??o ? um curso muito pr?tico, quanto mais se envolver com o mercado de trabalho antes de se formar, melhor?, aponta. Mas, como ningu?m ? de ferro, L?gia destina os finais de semana para fazer curtas viagens, como Rio de Janeiro e Ibitipoca. ?Quando estava em aula, os finais de semana eram para estudar tamb?m. Agora fico mais livre e posso viajar. As f?rias ser?o muito curtas?, ressalta a estudante.

Investindo no est?gio

Quem tamb?m n?o ficou com o tempo t?o livre foi estudante Gislene Lacerda, 20 anos, (foto ao lado). Acad?mica de Hist?ria, ela reside em Ub?, mas n?o p?de voltar para a casa por causa do est?gio, de meio expediente. Ela atua no Arquivo Hist?rico do Departamento de ?udio e Imagem da C?mara Municipal. ?Se eu n?o tivesse o est?gio, certamente estaria em Ub?, com a minha fam?lia porque tenho muitos gastos com alimenta??o e moradia?, conta Gislene, que diz sempre negociar feriados para voltar para casa.

Mas como vai mesmo ficar em Juiz de Fora, aproveita o tempo na cidade para ler, estudar, adiantar as pesquisas para sua monografia e se engajar ainda mais na luta por melhoria para os demais estudantes da Universidade. Como membro do Diret?rio Central dos Estudantes (DCE) da UFJF, por causa da greve, ela intensificou as reuni?es na tentativa de envolver os demais alunos para algumas quest?es. ?O cen?rio de greve ? prop?cio para que se mobilize os estudantes para reivindica?es importantes como moradia estudantil e abertura do restaurante universit?rio nos finais de semana?, acredita.

Aceitar e agir

Para a psic?loga Luciana Krentser da Silva (foto ao lado), o envolvimento de estudantes como Gislene ? importante para a politiza??o e o conhecimento do alunos sobre o real motivo do ato. ?Quando o aluno n?o aceita a greve, ele tem que procurar entender que esse ? um direito constitucional. ? preciso saber sobre as reinvindica?es e participar. E, claro, o aluno tamb?m deve cobrar a reposi??o das aulas?, sugere a psic?loga.

Para aqueles estudantes que estavam envolvidos nos estudos e que querem continuar neste pique, Luciana aconselha estudar em casa, por conta pr?pria, pesquisar e at? adiantar a monografia. ?Uma boa dica ? conhecer de perto a ?rea de trabalho, por exemplo, um estudante de Medicina pode visitar institui?es de sa?de, os futuros psic?logos, entidades sociais. Isso ajuda bastante no conhecimento e acaba sendo um aprendizado mais tranq?ilo?, ressalta. Neste caso, trabalhos tempor?rios e est?gios s?o tamb?m boa pedida.

A psic?loga lembra que mesmo que se ocupe o tempo com estudos extras, toda greve acaba tomando uma parte das f?rias. ?Esse tempo pode ser aproveitado para dormir at? mais tarde, ler um bom livro, viajar, sair com os amigos e estar com a fam?lia, j? que muitos alunos moram fora da cidade. Essa ? a hora de recarregar as energias", diz Luciana.

Outro cuidado ? n?o fazer da incerteza do recome?o das aulas mais uma preocupa??o, carregada de stress. ?Pessoas muito ansiosas devem tentar relaxar sen?o isso pode ser um agravante para que elas voltem ainda mais cansadas para as aulas", recomenda.

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