Armando Falconi Filho Armando Falconi Filho 01/09/2007

A epidemia do sal (Parte I)

 

Atendendo a milhares de pacientes nestes 30 anos de Clínica, vimos observando que, a cada dia, é maior o número de pessoas com problemas diversos de saúde devido o mau uso do sal.

Concomitante à nossa experiência pessoal, temos acompanhado as pesquisas realizadas em grandes Centros de Saúde, assim como, na qualidade de vida do homem moderno, cujos resultados revelam que, hoje em dia, milhões e milhões de pessoas sofrem os efeitos negativos do sal em suas dietas.

Esta "epidemia" global inclui pessoas de todas as idades: velhos, jovens, crianças e mesmo bebês. E o mais sério: desta multidão que sofre por causa do sal, só uns poucos estarão capacitados a se ajudarem a reduzir seu consumo. Por quê? Porque só uma minúscula porcentagem percebe o papel crucial -e mortal - desse ingrediente inofensivo, algo para ser usado ao cozinhar, algo para ser salpicado sobre nossa comida.

Pedras de sal Talvez o cloreto de sódio - seu nome de batismo - nem mereça a má fama que carrega. Além de ser um excelente conservante de alimentos, o sal realça o sabor das preparações como poucos ingredientes. Pitadas além da conta, estas sim, devem ser vistas como vilãs.

Seu uso corriqueiro e quase universal, na verdade está presente em todo lugar, contribui para tornar improvável seu aspecto de "matador"; no entanto, exatamente, por ser tão difundido, o sal vem a ser mortal em nossas vidas.

Para a maioria de nós, é difícil imaginar, sequer, um lar sem sal. Porém, seu uso exagerado está por trás de problemas que vão desde o já bem estabelecido aumento da pressão arterial até a recém-descoberta relação com distúrbios do aparelho respiratório, principalmente com a asma. Daí a diretriz da Organização Mundial da Saúde - OMS incluir o sal entre as substâncias que precisam ser reduzidas na alimentação, juntamente com o açúcar, a gordura saturada e a trans.

Amigo ou inimigo?

Como uma coisa tão comum, como o sal, poderia ser um veneno mortal para muitos? E, se o que estamos aprendendo do sal - uma substância química cujos efeitos devastadores são simplesmente assustadores - é verdade, como é possível que o sal seja tão comumente usado e comerciado? Em outras palavras, por que não nos informaram a esse respeito? Por que não nos avisaram?

Infelizmente, nós, brasileiros, gostamos muito de exceder no tempero. Passamos dos limites recomendados sem perceber, como motorista desatento que passa dos limites de velocidade nas rodovias. Enquanto a recomendação da OMS é limitar o consumo entre 5 e 6 gramas por dia, por aqui alcançamos, fácil, fácil, 12 gramas, ou seja, o dobro.

Cremos ser um direito congênito de todo ser humano viver bem e livremente e com verdadeira alegria. Contudo, o sal, em milhões de casos, drena e costuma arruinar a saúde. E, assim, surge naturalmente mais uma questão: por que nos deixam comprar sal se ele é tão perigoso? Por que está em todo lugar?

A preferência nacional por comida salgada tem raízes culturais. Herdamos dos imigrantes europeus esse gosto porque, lá no Velho Continente, sempre existiu o hábito de salgar determinadas comidas para conservá-las. Basta-nos, portanto, recordar as origens dos hábitos alimentares brasileiros, para entendermos o porquê de o nosso paladar já estar pra lá de acostumado com os punhados a mais. Vale reeducá-lo para assegurar mais anos de vida - e os motivos vão bem além das questões de pressão.

Não estamos recomendando nem prescrevendo a abolição do sal da alimentação moderna, mas vale o bom senso de todas as culturas ligadas às práticas naturais, alertando cada pessoa para os perigos advindos do excesso de sal.

Sócrates dizia: "Não se pode ficar mais perto dos deuses do que ao trazer a saúde aos homens". Para quem tenta explicar os perigos do sal há, ou deveria haver, um sentido de profunda responsabilidade.

Infelizmente, a má notícia revelada pela pesquisa e observação, é a de que nós, brasileiros, gostamos muito de exceder no tempero.

Quem sofre mais sério com o sal?

Em nosso país, uma situação delicada é a dos hipertensos. As pessoas com pressão arterial acima das taxas convencionais precisam tomar um cuidado mais especial com o sal, mas a grande maioria, quase totalidade, dos hipertensos erra na mão com excessos que nem eles mesmos percebem. Observemos os resultados encontrados em pesquisas sérias: a média de ingestão de sal entre os homens com pressão alta é de 17,6 gramas e, nas mulheres hipertensas, de 13,7 (Unicamp/Fapesp).

Os equívocos alimentares são bastante comuns mesmo entre os que raramente usam o saleiro, pois não consideram o chamado sal oculto, presente em embutidos, enlatados e sopas industrializadas, entre outros itens, que escondem, sim, doses generosas desse ingrediente.

Reduzir e equilibrar o sal na alimentação

Sal em um pote Aconselhamos em nossas palestras e atendimentos a tarefa ou "dever de casa" de se começar a ter mais atenção com os alimentos carregados de sal e reduzir o consumo deles. Lembramos, também, o procedimento básico de se tirar o saleiro da mesa.

Diminuir o consumo de sal, no início, pode ser um pouco difícil, daí sugerirmos uma redução gradual para adaptar o paladar. Com certeza, nas primeiras garfadas menos salgadas, a comida vai parecer um pouco sem graça, porque as papilas gustativas precisam de um tempo para se ajustarem a menor quantidade de sódio. Assim, é preciso ter paciência, já que, para os mais resistentes, essa adaptação pode levar até três meses, mas é compensadora.

O sal em diversas situações

PEIXINHOS DOURADOS - ocasionalmente, dissolva uma colher de chá de sal em um litro de água fresca, à temperatura ambiente e coloque seus peixinhos dourados para nadar nesta solução por uns quinze minutos, devolvendo-os, após essa operação, para o seu próprio aquário. Isto os manterá saudáveis.

SALA DE ESTAR COM CARPETES - as cores podem ser restauradas com o auxílio de um pano umedecido em uma solução, meio a meio, de sal e água. Quando usar novos tapetes de lã, lembre-se de que as traças não gostam de sal. O segredo é esfregar o chão com uma solução concentrada de sal e água quente antes de assentar o carpete.

FLORES E VASOS - aquele buquê preferido se conservará por mais tempo se você adicionar um pouco de sal à água da jarra ou do vaso. Um vaso fundo pode ser lavado despejando-se nele uma solução de sal e vinagre. Deixe-o em repouso com esta solução por algum tempo e depois dê uma sacudidela enxaguando-o com água pura. Flores artificiais podem ser arrumadas artisticamente colocando-as em um leito de sal umedecido. À medida que o sal seca, ele se solidificará, firmando as flores em definitivo no lugar.

COZINHA QUEIJOS - mofos (fungos) desenvolvem-se nos queijos, mesmo naqueles que não desejaríamos ver mofados. Para se evitar o mofo, antes de colocar o queijo na geladeira, enrole-o em um pano umedecido em água salgada.

Apresentamos, assim, a primeira parte da nossa pesquisa do SAL. A sua importância, ninguém nega, bem como, seu uso mudou a história da culinária para a raça humana, colaborando com a evolução de maneira comprovada. Mas, temos de ter cuidados em nossos hábitos alimentares para se evitar que, de amigo, o sal se transforme em inimigo.

Aguarde mais novidades na seqüência desse assunto. No próximo mês, apresentaremos alimentos com alto índice de sal oculto, o que se deve evitar, combinar e como proceder para que, além dos citados acima, outros órgãos do corpo deixem de ser bombardeados com o excesso de sal na alimentação.

Com sinceros votos de muita paz a tudo e a todos, ficamos à disposição para responder e esclarecer pontos relacionados a esse tema. Aguardamos seu e-mail.

Encerramos com saudações holísticas!


 

Armando Falconi Filho
é terapeuta holístico, consultor e advogado
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