Indignados, clientes de residencial no Borboleta reclamam do atraso na entrega das casas

Proprietários esperam há quase dois anos para realizarem o sonho da casa própria. Empresa não apresenta prazo para a entrega das chaves

Jorge Júnior
Repórter
20/7/2012 *Atualizada 23/7/2012
residencial

Parece que o sonho da casa própria ainda está longe de ser realizado para os juiz-foranos que adquiriram imóveis por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal (CEF), no Residencial Città Neo, localizado no local do antigo cartódromo, no bairro Borboleta. Segundo eles, estão desamparados e sem respostas da empresa.

"Comprei a minha casa em 2008. A previsão inicial de entrega era para agosto de 2010, porém, depois adiaram para maio de 2011, mas até agora não mudei", diz, indignada, a professora de educação física, Juliana Vendramine, em entrevista ao Portal ACESSA.com, minutos antes da reunião com a empresa, realizada na tarde desta sexta-feira, 20 de julho. Na ocasião, cerca de dez clientes foram cobrar respostas da construtora.

"Adiei meu casamento por conta de tudo isso e ainda estou morando na casa da minha sogra. Meus móveis estão embalados e eu não posso usá-los", reclama Juliana, que comprou uma casa no valor de R$ 60 mil. "Usei R$ 10 mil do meu Fundo de Garantia e, além disso, estou pagando R$ 180 pela evolução da obra desde abril do ano passado, quando assinei o contrato com a Caixa, e mais R$ 80 de condomínio."

Falha na comunicação

Além do atraso, Juliana afirma que constam irregularidades no local. "As janelas estão tortas, a pia está quebrada, os pisos estão com cores distintas, o rodapé também está torto e o teto tem respingo de tinta." De acordo com ela, a Caixa Econômica realizou um relatório no local, sendo constatados 38 itens em desacordo. "A Caixa fez a vistoria no empreendimento e verificou que o acabamento está péssimo."

O problema também é enfrentado pela cliente Bianca Locha Miguel. "Queremos pedir por toda a população que está sem casa até hoje. A maioria dos clientes está se sentindo enganada. Além desse transtorno, existe uma falha de comunicação com o Residencial Città Neo, que não nos atende pelo telefone", diz Bianca, após o encontro a portas fechadas, que durou cerca de 40 minutos.

"Não deram um prazo mais uma vez. Compramos, eu e minha esposa, duas casas, em fevereiro de 2010, pois queríamos uni-las, mas isso ainda não foi possível. Faz um ano e seis meses que estamos esperando. Já acionamos a Polícia Militar e entramos na Justiça contra o Residencial Città Neo", relata o representante comercial Lüdtke Nunes.

De acordo com ele, com a ação judicial, a empresa, quando foi questionada pelo atraso, afirmou que o representante comercial não quis receber o imóvel. Diante do impasse, Nunes conta que ainda está pagando aluguel, além das taxas de condomínio e de evolução da obra.

Ainda em conversa com o jornalismo do Portal ACESSA.com, que foi impedido de participar da reunião pelo advogado do escritório local, os clientes explicaram que mais de 99% do residencial está vendido, contudo, a maioria da população ainda não recebeu as chaves. "Eles entregaram um módulo e metade de outro, Os outros blocos já estão prontos, porém, não forem entregues. "

Em nota de esclarecimento, a assessoria de imprensa da PDG, empresa responsável pela obra, informou que a "Caixa Econômica Federal (CEF) já realizou a vistoria das casas do módulo II e as inconformidades encontradas já foram sanadas. A companhia esclarece que os valores a título de evolução de obra são cobrados pela instituição financeira em financiamentos associativos. Tais valores são distintos da taxa condominial, a qual corresponde ao rateio das despesas do condomínio, portanto, ambos são previstos em contrato".

Ainda de acordo com o documento, a entrega das unidades já vistoriadas do módulo II está condicionada à emissão de documentos que tramitam junto a órgãos públicos e informa que "os procedimentos para regularização desses documentos serão comunicados oportunamente pela empresa aos clientes".

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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