Audiência reúne mais de 50 clientes insatisfeitos com construtora

Os problemas mais recorrentes são atrasos na entrega dos imóveis e irregularidades nas construções já finalizadas pela PDG. Nova reunião foi marcada para o dia 20

Nathália Carvalho
Repórter
11/9/2012
Audiência do Procon contra Construtora PDG

Em audiência pública realizada na tarde desta terça-feira, 11 de setembro, mais de 50 clientes compareceram à Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) para manifestarem suas reclamações com relação aos constantes problemas enfrentados com a construtora PDG. Os mais recorrentes são atrasos da entrega das chaves e irregularidades nas construções já finalizadas e entregues do Residencial Città Neo, localizado no bairro Serra D'água, financiados por meio da Caixa Econômica Federal (CEF). O problema já havia sido trazido à tona em julho, quando clientes reuniram-se com representantes da empresa para cobrar uma posição.

Na ocasião, além dos consumidores, estiveram presentes representantes da PDG, da Caixa Econômica, da Itaúba, do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA) e do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Plínio Lacerda. Ficou decidido que haverá uma nova reunião no dia 20 de setembro com todos os órgãos envolvidos na ação e três representantes dos clientes. "Faremos uma vistoria no local e contaremos com uma resposta significativa da Construtora e da Caixa, para que possamos resolver os problemas. Espero que a própria PDG apresente um cronograma de ações para sanar as indignações dos clientes", explica Lacerda.

Na reunião, deverá haver prosseguimento e finalização da audiência pública com resolução da mesma. Para o superintendente do Procon, Carlos Alberto Gasparette, não estão sendo oferecidas resoluções precisas para os consumidores. "São muitos problemas e irregularidades encontradas. Os prazos já estão vencidos há muito tempo e eles não dão sequer uma resposta para os consumidores sobre o andamento das obras."

Reclamações

Entre as reclamações mais recorrentes, o atraso na entrega do imóvel atingia a grande maioria dos consumidores presentes. Segundo os clientes, dos dez módulos em construções do Città Neo, apenas dois encontram-se finalizados, mas ainda faltando reparos. Os outros oito ainda permanecem inacabados. "Era para eu ter recebido minha casa pronta há cerca de um ano e durante este tempo todo estou pagando aluguel. Os prazos venceram e eles não dão sequer um retorno digno para nós. Vou à justiça cobrar indenização, porque já tive muitos prejuízos com os atrasos", explica a empresária Michele Cerqueira.

Além disso, a cliente conta que está morando em uma das casas do condomínio que já ficaram prontas, para poder ver de perto o andamento das obras. "Na casa que eu moro já tem rachaduras, vazamentos e outros problemas provenientes da construção errada." O mesmo problema é vivido pelo cliente Marcelo Romero, um dos consumidores que já recebeu o imóvel, mas que enfrentou até inundações na casa onde mora. "Na primeira chuva forte que deu no ano passado, minha casa ficou completamente inundada. Fiquei ilhado com minha esposa e um bebê de apenas um ano. Deram um prazo de 30 dias e já tem mais de dez meses que nada foi feito", explica. Segundo ele, ao vistoriar o imóvel, a construtora afirma que a situação não irá se repetir, porém, não cumpre o combinado.

Para o procurador Municipal e Assessor Jurídico do Procon/JF, Eduardo Floriano, o problema agrava-se ainda mais pela falta de atendimento da construtora e condições irregulares de habitação. "Não podemos ouvir da própria empresa que quando existe o problema, ele será resolvido. Na verdade, ele não era para existir quando tratamos de uma questão tão séria, que é a moradia das pessoas. Não dá para esperar as próximas chuvas para saber o que vai acontecer".

Além disso, outros compradores do investimento dizem que o IPTU e o condomínio estão sendo cobrados sem que os moradores habitem a residência e alguns comentaram ainda que imóveis não possuem o Habite-se (documento necessário para habitação), uma vez que a construtora só pode entregar a casa aos clientes após a emissão deste documento. Os consumidores alegaram, ainda, já terem realizado o pagamento de uma parcela relacionada à entrega das chaves que está com a data antiga de entrega, o que faz com que paguem o valor com multa.

Defesa

Os representantes da PDG explicaram ter apresentado um cronograma com relação ao atraso das obras e afirmaram que a construtora irá ressarcir os clientes com o valor estipulado pelo contrato no caso de multa por atraso, depois que a entrega dos imóveis for liberada. A construtora propôs, ainda, arcar com todas as despesas do condomínio de quem estiver adimplente, pois querem entregar os imóveis sem nenhuma pendência de condomínio.

Por fim, foi considerado que a empresa não foge do ônus trazido pelos constantes problemas, mas reclamaram também com relação a insultos recebidos pelos clientes constantemente, algo rebatido pelos mesmos, durante a audiência.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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