Juliana Machado 26/01/2016 Ah, o verão...
O verão chegou para a alegria de uma maioria e o desgosto de alguns. Confesso que quase fico nesse segu1">
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Escute o que Leonil Marcenal e Rog?rio Ferreira t?m a dizer sobre o que
pensa de morar em Juiz de Fora. Clique nos ?cones ao lado.
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Juiz de Fora. Uma cidade com mais de 450 mil habitantes, de clima tropical
de altitude, com jeitinho mineiro misturado ao "modo carioca de ser".
Distante do Rio de Janeiro somente 184 km; de Belo Horizonte, 272km e de S?o
Paulo, 506km, a "princesinha de Minas" torna-se atrativa para diversas pessoas que
desejam morar em um lugar tranq?ilo, com boas escolas e faculdades, pr?xima
de grandes centros e de cidades tur?sticas como Ibitipoca, Tiradentes e
Ouro Preto.
A boa forma??o escolar ? considerada ponto decisivo por quem, seja por
transfer?ncia de trabalho
ou op??o de vida, decide morar aqui, vindo de capitais e de outras cidades
do pa?s. Para se ter uma id?ia, de acordo com
dados da prefeitura (2002), existem cerca de 160 escolas entre particulares,
municipais e estaduais, do ensino fundamental ao m?dio. O ensino superior
conta com universidade federal e as faculdades particulares aumentaram de
quatro para oito institui?es, fazendo de Juiz de Fora uma cidade universit?ria.
De acordo com as previs?es do astr?logo Max Klim para Juiz de Fora, de mar?o
a agosto de 2005, "ser? uma boa fase para os campos da Educa??o, Direito ou
L?nguas. A circula??o urbana vai estar em destaque nesta fase". Para Max
Klim, em 2005, a cidade vai viver uma fase de otimismo e auto-confian?a.
"Mesmo com problemas, a sociedade juizforana enxergar? tudo mais ameno e
pelo lado mais positivo".
A seguran?a ? outro ponto abordado pelas pessoas que
escolhem morar
aqui. Apesar do aumento da viol?ncia, os entrevistados pela equipe da ACESSA.com consideram que a cidade, comparada
com outras de Minas e, principalmente as do Rio de Janeiro, ainda ? segura e
que ? poss?vel deixar os filhos sa?rem ? noite sem tanta preocupa??o, como
nos grandes centros.
A decis?o
Uma cidade em crescimento, mas com aura de cidade pequena. Um lugar em que ?
poss?vel andar sem muitas preocupa?es pelas ruas. O lazer ? diversificado e pr?ximo de cidades tur?sticas. Entre todos os atrativos, a educa??o ? o fator destacado por todos os entrevistados.
O casal Leonil Marcenal e Maria Penha Alves Marcenal (foto ao
lado), que vieram do Rio de Janeiro, tiveram o apoio das duas filhas (na ?poca,
de 18 e 14 anos) quando decidiram morar em Juiz de
Fora.
Marcenal ? coronel do Ex?rcito e aposentou-se h? cinco anos. Quando o militar vai para reserva, ele pode escolher a cidade em que deseja morar. "Escolhi Juiz
de Fora por indica?es de amigos que disseram que a cidade ? tranq?ila,
segura e por falarem que a educa??o aqui ? de boa qualidade", explica.
Antes de virem para JF, moraram no Rio e em Manaus. "As meninas
adoraram Manaus, porque tinham liberdade de andar pra l? e pra c?. J? no Rio,
elas ficavam muito presas. Voltar para o Rio elas n?o queriam de jeito
nenhum", diz Penha. Em 1998, dois anos antes da mudan?a definitiva, vieram
conhecer Juiz de Fora. "Ficamos dois dias aqui para sentir o ambiente e ver
escolas para as meninas" e Marcenal completa dizendo que o crucial para a
escolha foram os seguintes fatores:
Proximidade do Rio de Janeiro
Transfer?ncia de curso da filha mais velha para uma faculdade em JF
col?gio militar para a filha mais nova
seguran?a
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Mas eles n?o s?o os ?nicos que pensam assim. O funcion?rio da Receita
Estadual, Rog?rio Ferreira, tamb?m do Rio de Janeiro, desde 1988
queria morar aqui. Mas s? conseguiu transfer?ncia para Carangola, uma cidade
mineira com pouco mais de 30 mil habitantes. Em 1992, foi para Ub?. Uma
cidade maior, com mais de 70 mil habitantes.
Ferreira e sua esposa
queriam mesmo era vir para Juiz de Fora. Como chefe de fiscaliza??o
da Receita, Ferreira teria uma oportunidade de conseguir a t?o sonhada
transfer?ncia: renunciando ao cargo. "Renunciei e vim para Juiz de Fora com
a esposa e os dois filhos".
J? o professor de ingl?s, Marcelo de Castro Dutra (foto ao lado), morou com a m?e e a irm?, durante a adolesc?ncia, nos Estados Unidos. Quando completou 22 anos, resolveu voltar para o Brasil sozinho.
Como tem parentes em Bicas/MG, ficou na cidade por um ano, mas seu trabalho
era em Juiz de Fora. "No in?cio at? pensava em ir para BH, mas fui visitar
uns amigos por l? e achei a cidade violenta. Com a insist?ncia dos meus
tios, que moram em Juiz de Fora, acabei vindo pra c?".
Al?m de achar uma cidade mais segura do que Belo Horizonte, o lado profssional tamb?m
prevaleceu. "Juiz de Fora ? uma cidade universit?ria e que precisa de
ingl?s. Ent?o, ? perfeito pra mim", diz. Dutra ? casado, mas apesar de ainda n?o
ter filhos, diz que Juiz de Fora tem uma boa educa??o e fica tranq?ilo
quanto a isso.
Existem aqueles que se mudam por considerarem que est?o na idade de
arriscar. Este ? o caso do gestor de neg?cios de uma empresa de ferrovia, Rodrigo Soares (foto ao lado).
No in?cio de 2004, ele recebeu uma proposta de emprego
em Juiz de Fora. "Pensei se eu trocaria Curitiba por Juiz de Fora. Mas meus
amigos do sul estavam aqui. Como minha esposa e eu n?o nos prendemos a
nenhum lugar, resolvemos arriscar e viemos em maio de 2004. Ainda mais que
minha esposa conseguiu transfer?ncia do trabalho dela", conta Soares.
Receptividade juizforana
A fam?lia Marcenal (o casal citado acima) comprou uma casa e mudou-se em
2000. Por terem morado em diversas cidades do pa?s, o casal
considera o juizforano retra?do. "A gente conhece o pessoal do Rio, Bahia e
Manaus, por exemplo. Acho muito dif?cl fazer amizade aqui em Juiz de Fora", diz Penha. "Ainda mais que al?m de militar, eu sou m?sico e minha
mulher organiza eventos. Pendo grupo já que o verão me traz uma ligeira sensação de caos. Neste cenário ensolarado fico espantada pensando que, por mais incrível que pareça, há quem ainda duvide que as mudanças climáticas e o aquecimento do planeta sejam uma realidade. A questão é que todas as pessoas estão vivenciando em sua própria pele estas alterações, mas algumas, no entanto, não se dão conta disso e essa é a única diferença.
Finalizamos o ano anterior e começamos o atual, ameaçados pelo tal mosquito Aedes Aegypti. Pequeno e oportunista este inseto que tem hábitos diurnos e adaptação para o ambiente urbano, antes era considerado o "mosquito da dengue". Hoje sabemos que ele é capaz de transmitir outras doenças como o zika vírus e a febre chikungunya. A fêmea se alimenta de sangue humano e por isto este mosquito vive sempre próximo a locais com alta densidade populacional. Nas áreas urbanas, as fêmeas também encontram diferentes locais com acúmulo de água onde podem desovar. O acúmulo de água em recipientes diversos é maior no período de muitas chuvas, ou seja, no verão. E é no verão também que as temperaturas estão elevadas favorecendo a eclosão das larvas do mosquito de dentro dos ovos. Estes ovos, por sua vez, são resistentes e podem ser transportados a grandes distâncias ou se manterem viáveis em recipientes secos.
Neste contexto, o que tem a ver o verão, as mudanças climáticas e esse mosquito? Tudo. As mudanças climáticas com aumento significativo das temperaturas e chuvas aliadas ao aumento da densidade populacional e o saneamento ambiental precário favorecem o desenvolvimento do mosquito, sua proliferação e consequentemente aumenta a possibilidade de contaminação humana. O clima quente e úmido é o cenário perfeito para este animal e a previsão é que, assim como aconteceu com a dengue, zika e chikungunya se espalhem pelo país. Fico eu aqui pensando na chegada de estrangeiros com as Olimpíadas e a possibilidade de uma epidemia global. Uma pandemia na verdade. Estou sendo alarmista? Talvez esteja fazendo coro com o Ministro da Saúde, não sei...
Minha angústia é pensar que se trata de uma sequência de fatores altamente conectados. E nós humildemente recolhendo nossos pratinhos de plantas... Se está comprovado que o mosquito vem se adaptando com sucesso ao ambiente urbano, uma tampa de caneta com água pode ser um excelente criadouro, por que não? Por isso é que você vê na TV nos últimos dias formadores de opinião mais sensatos falando em "estratégia de guerra". Porque afinal, vamos ter que investir dinheiro, tempo, intelecto e boa vontade em uma força tarefa que de fato extermine essa ameaça. Somente com uma ação conjunta, de população e governos. Há que se investir em educação sanitária, investir forte em saneamento, em ciência e tecnologia, em formas de eliminação química e outras estratégias. O complicado é que o verão já chegou, as chuvas também, o mosquito não se intimidou e nem os vírus. As estratégias ainda são tímidas, infelizmente.
Juliana Machado é Bióloga, mestre em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal - UFJF/MG. Doutoranda em Bioética, ética aplicada e saúde coletiva - UFRJ/UFF/UERJ e Fiocruz.