Servidores municipais recebem contraproposta da PJF Cada categoria avaliará as condições apresentadas pelo Executivo. Assembleias nesta quarta vão definir greve dos trabalhadores

Guilherme Arêas
Repórter
28/04/2009

Nesta terça-feira, 28 de abril, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) se reuniu mais uma vez com representantes dos Sindicatos dos Servidores Públicos (Sinserpu), dos Professores (Sinpro), dos Engenheiros de Minas Gerais Regional Zona da Mata (Senge) e dos Médicos. Os encontros foram a última tentativa de negociação salarial antes das assembleias que podem decretar uma greve geral dos servidores da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (PJF), nesta quarta-feira, 29 de abril.

O secretário de Administração e Recursos Humanos, Vitor Valverde, considerou positivas as reuniões e se comprometeu a enviar um documento com as propostas de cada categoria que a PJF poderá atender. Até o fechamento desta edição, o secretário ainda não havia terminado a redação das propostas. "Por tudo que nós já colocamos em relação à crise financeira, pelo fato de a Prefeitura estar na mesa de negociações aberta ao diálogo permanente e por já estarmos apresentando propostas, esperamos que não haja uma decisão de greve para não impor qualquer prejuízo à cidade." Porém, o secretário confirmou que a PJF não tem como conceder reajustes lineares às categorias.

Para os sindicatos, a sensação de que pouca coisa avançou pode ser decisiva para a deflagração da greve. Pelo menos esta é a previsão da coordenadora do Sinpro, Fátima Barcelos. "Nesta quarta-feira, 27, vamos fazer uma reunião antes da assembleia para discutir o que a PJF propôs. Mas pelo que foi conversado, tudo indica que realmente vamos partir para a radicalização do movimento." Os professores se reúnem em assembleia às 9h, nas escadarias da Câmara Municipal.

Já o presidente do Sinserpu, Cosme Nogueira, não quis se posicionar sobre a reunião com a PJF. Os representantes dos trabalhadores da administração municipal discutiram diversos pontos da pauta que não são ligados a índices de reajuste. A assembleia da categoria ocorre às 10h, no Terreirão do Samba.

Na mesma ocasião, os cerca de cem engenheiros da PJF também farão assembleia junto com os outros servidores municipais. Mesmo com as negociações específicas para a categoria, o Senge adiantou que vai aderir à greve que o Sinserpu poderá deflagrar a partir de quinta-feira. "O que ficar decidido na assembleia do Sinserpu fica acatado pelo Sindicato dos Engenheiros", explicou o diretor do sindicato, João Queiróz.

Para a categoria, também houve pouco avanço nas discussões sobre a questão salarial. Os engenheiros querem a implantação gradativa do salário mínimo profissional ao longo dos quatro anos da atual administração, tanto para os seletistas (funcionários regidos por lei) quanto para os estatutários. Para uma jornada de trabalho de oito horas diárias, os profissionais pedem 5,5 salários mínimos ainda em 2009. Para o próximo triênio, eles receberiam um acréscimo de um salário mínimo por ano nos vencimentos mensais. O objetivo é que os profissionais recebam um piso de 8,5 salários mínimos em 2012. Atualmente, um engenheiro do nível 1A (o mais baixo) da PJF recebe 3,9 salários mínimos.

A única categoria que demonstrou maior independência quanto às negociações diretas com a PJF foi a dos médicos. Mesmo se a Prefeitura não atender as reivindicações, a categoria não garante adesão à greve geral. "Ainda temos que avaliar se nós estamos preparados para entrar em uma greve por tempo indeterminado. Nosso caso é um pouco mais complicado", explicou o presidente do sindicato, Gilson Salomão Júnior.

Na pauta de reivindicações dos médicos estão a reestruturação da carreira e a recuperação do piso dos profissionais da Prefeitura, que ganham 25% menos do que os outros funcionários com nível superior. "Com o decorrer dos anos, o salário chegou a um nível tão grande de achatamento, que deixou de ser atrativo", conclui Salomão. Os médicos se reúnem em assembleia na quinta-feira, dia 30, às 19h30, na Sociedade de Medicina.

Empregados de carreira profissional da Caixa entram em greve

Em assembleia realizada nesta segunda feira, dia 27, no auditório do Sintraf/JF, os funcionários de carreira profissional da Caixa Econômica Federal (arquitetos, advogados e engenheiros) deflagraram greve por tempo indeterminado. A paralisação das atividades é um protesto contra a desvalorização dos profissionais.

Os funcionários da Caixa aderiram ao movimento em nível nacional. Em Juiz de Fora, ocorre nova assembleia na quarta-feira, 29. Em nota, a Associação Nacional dos Engenheiros e Arquitetos da Caixa e a Associação Nacional dos Advogados da CEF explicaram que, no último acordo coletivo 2008/2009, "a Caixa se comprometeu a revisar a estrutura da carreira, implantando as alterações a partir do primeiro trimestre de 2009, como forma de valorizar o Quadro Profissional".

Porém, os trabalhadores alegam que "a proposta apresentada pela empresa, após o prazo ajustado para a sua implantação, além de não reestruturar a carreira, contemplou uma remuneração bem inferior àquela percebida pelos profissionais que desempenham atividades semelhantes nos demais órgãos do serviço público e manteve as incongruências anteriores".

Os textos são revisados por Madalena Fernandes