Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012, atualizada às 18h40

Instalação de usina de lixo hospitalar em Ewbank da Câmara oferece risco 

Aline Furtado
Repórter
Câmara Municipal de JF

Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, na Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF), especialistas apontaram riscos caso seja feita a instalação de uma usina de lixo hospitalar no município Ewbank da Câmara, vizinho de Juiz de Fora.

"A licença de instalação concedida não corresponde à incineração, como tem-se falado que será feito. A licença prevê apenas a esterilização e a autoclavagem do lixo hospitalar. Caso seja realizado o processo de incineração, o risco é imenso à população das áreas vizinhas, em especial, Juiz de Fora", aponta o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jorge Macedo.

Ele explica que o processo, feito a temperaturas de mais de 1.000º C, é capaz de afetar, caso seja registrado algum acidente, não o local onde é feita a incineração, mas áreas localizadas no entorno, já que o vento transporta as substâncias prejudiciais à saúde. Entre as substâncias estão as denominadas dioxina e furano, capazes de impedir condições de vida caso seja registrado um acidente. "São elementos altamente tóxicos, que podem provocar sérios problemas à saúde, como anormalidades, surgimento de tumores, acometimento da tireoide, entre outros."

Macedo completa que a previsão é que a instalação da usina seja feita no topo de um morro, o que aumenta ainda mais o risco. Quem também aponta os possíveis transtornos gerados pela usina é o também professor da UFJF, Cezar Barra. "Topo de morro é área onde a vegetação deve ser mantida, mas o local já vem sendo usado como lixão." Para ele, os órgãos responsáveis pela emissão dos licenciamentos têm facilitado os processos, sem que sejam atendidas as áreas legal e técnica.

"Um ponto importante é que seriam necessárias licenças relacionadas não só a Ewbank da Câmara, mas também a Juiz de Fora, já que o local onde poderá ser instalada a usina fica em área limite entre as duas cidades." A previsão é que sejam incinerados 24 mil quilos de lixo pertencente à classe A, que é a que mais apresenta riscos de contaminação, vindos inclusive da cidade do Rio de Janeiro. "A quantidade a ser depositada é absurdamente maior do que o que pode ser considerado lógico", destaca o professor do Departamento de Zoologia da UFJF, José Carlos de Oliveira.

Comprometimento de manancial

Outro risco provocado pela instalação da usina é o comprometimento de mananciais. "O aterro estaria localizado próximo à Represa de Chapéu D'Uvas, que abastecerá o município. Percebe-se, então o tamanho do risco que corremos", aponta o vereador proponente da audiência, Roberto Cupolillo (Betão - PT).

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Juiz de Fora, José Rufino, afirma que não foram desenvolvidos Estudo de Impacto Ambiental (EIA) nem o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), para que fosse concedida a licença. "O que fizeram foi o Plano de Controle Ambiental (PCA) e o Relatório de Controle Ambiental (RCA), que são estudos muito menos aprofundados que os outros, considerando apenas a opinião de um engenheiro e não avaliando os riscos. O Ministério Público (MP) abriu inquérito, em novembro do ano passado, para verificar as condições da licença de instalação.

Simão Pereira

A licença de operação (LO) de uma usina de incineração de lixo hospitalar e industrial que entraria em operação em Simão Pereira foi cassada pela Justiça. O empreendimento apresenta capacidade para incinerar até uma tonelada de resíduos por hora. "Esperamos que o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) analise de forma minuciosa a questão, já que não foi realizada nenhuma audiência pública  ou qualquer estudo de impacto para que fosse implantada a usina", destaca o vereador de Simão Pereira, Gilson Chapinotti Lyrio (PT). O próximo passo é a reavaliação por parte do Copam. 

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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