Marcha Vida Sim, Droga Não reúne 10 mil pessoas na Praça Antônio Carlos

O evento foi proposto pelo Grupo Interconfessional Cristão, que une as igrejas católicas e evangélicas da cidade

Lucas Soares
Repórter
30/08/2014

Cerca de 10 mil fieis, entre católicos e evangélicos, se reuniram durante a tarde deste sábado, 30 de agosto, no Centro de Juiz de Fora, para a marcha em combate as drogas, principalmente o crack. O evento foi proposto pelo Grupo Interconfessional Cristão (GIC), contou com o apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal e teve como grandes atrações os shows do Padre Fábio de Melo e do Irmão Lázaro, que se apresentaram na Praça Antônio Carlos.

A concentração para a marcha começou na avenida Getúlio Vargas, na altura da Praça do Riachuelo, e reuniu cerca de quatro mil pessoas, segundo estimativa da PJF. Às 15h30, o grupo saiu em passeata pela avenida até à Praça Antônio Carlos, onde aconteceram as apresentações. O evento foi considerado um sucesso pelos organizadores. "Nós superamos as expectativas. Tem muita gente. Nós temos que testemunhar para o mundo que Jesus Cristo é de paz. Nós, que anunciamos Cristo, se anunciarmos o conflito seria contraditório. Estarmos juntos diz a todos que Jesus é o mensageiro da paz", explica o padre Antônio Camilo de Paiva.

Para o pastor Gercino Reis, da Assembléia de Deus, o evento vai ficar marcado na história do Brasil. "A impressão que eu fiquei é de que as pessoas celebram a vida. É pra isso que nós estamos aqui hoje. Acima de qualquer coisa, de qualquer dogma, religião... Nós estamos em nome de Jesus aqui. Eu estou maravilhado com a adesão da população e agradeço a Deus porque eu tenho certeza que a mensagem que estamos passando é de vida, esperança e resgate do ser humano", diz.

O secretário de governo José Sóter de Figueiroa ressaltou o momento em que chamou de "histórico e único" na cidade. "Foi uma união de esforços das igrejas com a Prefeitura e a Câmara, que é o enfrentamento às drogas. Hoje lançamos o JF+Vida, que é o primeiro plano municipal sobre crack, álcool e outras drogas. O plano é uma ação ousada, ambiciosa, de um tema muito complexo. De um lado está a oferta da droga, em uma escala internacional, que envolve crime organizado. Então temos os órgãos de segurança, como a Polícia Militar, a Civil e a Federal conosco. Na outra ponta do processo, está a diminuição do consumo, que é investir na prevenção e em projetos sociais", comenta.

Fieis gostaram da ideia

De acordo com o porteiro Ultimo Nicolau, 60, católico, o movimento é do interesse de toda a comunidade. "Eu estou aqui nessa caminhada com Jesus porque acho que é importante mobilizar as pessoas a não usarem drogas. O nome já diz, é droga, só prejudica as pessoas", opina.

O pedreiro Erivélton Gomes, 26, evangélico, apoiou a marcha. "O evento movimenta mais as pessoas para as coisas de Deus, e não para a droga. Pessoalmente, eu como servo de Deus, vejo que isso ajuda muito. As pessoas com certeza ficam mais próximas por um bem maior", garante.

Entre uma venda e outra de faixas religiosas, o vendedor ambulante Renato Pedro também aderiu a campanha. "O movimento está bom, o pessoal está comprando muito. E é importante reunir as pessoas pra tirar as drogas de dentro de casa, porque elas só prejudicam. É muito bom ver as igrejas unidas, quem ganha com isso é o povo."

Segundo o Frei Fábio Soares, a marcha é uma oportunidade para abrir os olhos da população contra as drogas. "Nós acreditamos que unidos em Cristo, nós podemos mostrar para a sociedade, sobretudo para a cidade de Juiz de Fora, que as drogas não têm a prevalência. Nós queremos que as famílias e esses jovens se recuperem e alcancem em Deus a graça da recuperação nas suas vidas. A união faz a força, então as duas comunidades juntas, passa o recado de amor, paz e justiça", afirma.

Segundo a freira Bernadete Silva, a união entre as comunidades religiosas é muito importante. "É uma ótima adoração, um verdadeiro amor à Deus. A união é um primeiro passo para o diálogo, que Cristo já profetizou quando andava por aqui", comenta.

Fábio de Melo apoia a causa

O Padre Fábio de Melo, que se apresentou por volta das 17h no evento, falou sobre a proposta do GIC. "Pra mim é uma maneira de me unir a essas forças, de fazer com que o Evangelho transforme a estrutura da sociedade. A gente sabe que a droga acontece no coração do jovem que muitas vezes não tem um sentido pra vida. Se estivermos com um discurso religioso bem feito, considerando as questões antropológicas, com uma fé enraizada, modifica o nosso jeito de entender a vida, nos traz mais amor, que é o que a gente está precisando. A sociedade está muito necessitada de dar sustento a uma estrutura humana para o ser humano se amar mais e se destruir menos", opina.

Sobre a união das comunidades evangélicas e católicas, o cantor disse que a ação é muito importante. "Nós estamos todos necessitados das mesmas coisas. Quando temos várias religiões juntas, e até mesmo os indiferentes religiosos, viver bem é uma proposta para todo ser humano, independente se ele crê em Deus ou não. Estamos aqui hoje como religião, que dá o braço à uma outra religião diferente da nossa, mas todos desejamos fazer o mundo ser melhor", garante.

O religioso ainda deixou uma mensagem aos fieis. "Eu sempre digo que a gente precisa se amar. A partir do momento em que a gente tem consideração por nós, vamos pensar duas vezes antes de entrar dentro de um ciclo vicioso que vai destruir nossa saúde emocional, psíquica, espiritual e física", relata.

Irmão Lázaro é ex-usuário

Convidado por parte dos evangélicos, o cantor Irmão Lázaro, ex-usuário de drogas, apoia a causa e diz que o caminho para esses jovens está na religião. "A religião é essencial. Eu fui viciado, vivi nas ruas e tentei muitas coisas. Só essa influência espiritual conseguiu me arrancar daquela vida terrível que eu vivia e me trazer até aqui hoje", relata.

Para o evangélico, a união entre as comunidades católicas e evangélicas é um caminho para a saída do vício. "As pessoas começam a levar mais a sério os problemas que a sociedade enfrenta do que as divergências religiosas que infelizmente ainda existe. Eu fico muito feliz com esse avanço, essa quebra de paradigmas, esse vencer de preconceitos em nome da vida, em nome de pessoas que realmente precisam de ajuda", conclui.

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